sexta-feira, 29 de março de 2013

Que saudade de você!

* por Vinícius Carrilho

Como o próprio subtítulo diz, este é um blog que fala "sobre a bola e outros mundos menos importantes". Falarei hoje de uma pessoa que não fez sua história em parceria com uma bola, mas conhecia de um certo círculo de borracha como nenhum outro na história. Os mais velhos, como o genial dono deste espaço, ao ler sobre este personagem, vão se lembrar de um quadro do grande radialista Eli Correa, chamado “que saudade de você!” .

Pois bem, essa semana de Páscoa é de extremo saudosismo para o esporte brasileiro. No domingo, comemorou-se o 22º aniversário da primeira vitória de Ayrton Senna da Silva no Brasil. Em Interlagos, após sete frustradas tentativas, sua genialidade venceu o problema na caixa de câmbio. Em minutos, sua McLaren perdeu a terceira, quarta e quinta marcha, fazendo com que o brasileiro tivesse que completar a prova apenas com a primeira, segunda e sexta. Por si só, a vitória naquelas condições já seria inesquecível, porém, a imagem de Senna completamente exausto, sem conseguir sequer levantar a bandeira brasileira ou o troféu, seguido do histórico banho de champanhe, jamais sairá da memória dos brasileiros.


Já nesta quinta-feira, comemora-se o 20º aniversário daquela que seria sua última vitória em solo brasileiro. Em 1993, a McLaren não vivia seus melhores momentos e a Williams, que contava com Alain Prost (que seria o campeão ao fim da temporada) e Damon Hill, era a equipe a ser batida. O cenário era completamente desfavorável. As duas Williams largavam na primeira fila e Senna vinha logo atrás, com Michael Schumacher (um menino talentoso, apesar da desconfiança de muitos) ao seu lado. A bandeirada verde foi dada, Senna era claramente mais lento que as Williams e foi aí que uma ajuda caiu do céu, literalmente.

Senna era espetacular em pista seca, mas, na chuva, superava qualquer limite imaginário. São Pedro, que, segundo José Simão, é brasileiro e fuma Marlboro, mandou o tão esperado temporal, para o deleite de Senna. Aliando uma perfeita estratégia, sua habilidade e um bom bocado de sorte, como a batida de Prost e a entrada do safety-car, que o aproximou do então líder Damon Hill, Senna pressionou, até que na 42ª volta, na curva do Laranjinha, assumiu a ponta. Depois disso, o que se viu foi um show de pilotagem, daqueles que só quem é Ayrton Senna consegue dar. Porém, a imagem mais marcante ainda estava por vir.

O brasileiro cruza a linha de chegada 16 segundos longe do segundo colocado. Após a curva do “S”, entra na reta oposta e então sua McLaren apaga. Naquela época, como tudo no mundo, a Fórmula 1 não tinha tantos protocolos e cuidados. Quando o carro parou, o público presente no autódromo invadiu a pista e então o herói foi para os braços de seu povo. Torcedores, fiscais, policiais e Ayrton Senna protagonizavam, naquele momento, uma das imagens mais marcantes da história do esporte.



Ayrton Senna foi espetacular para o automobilismo, para o Brasil e para os brasileiros. Virou herói não só por suas vitórias, mas também por não ter vergonha alguma de mostrar para o mundo inteiro que era brasileiro, mesmo com o país afundado em uma crise financeira e vivendo na miséria. A bandeira verde e amarela era sua companheira em muitas manhãs de domingo, durante a volta de comemoração. O Tema da Vitória, graças a ele, tornou-se um hino para grandes conquistas. O brasileiro, graças a ele, sentiu-se orgulhoso de poder ter um herói para chamar de seu.

Em 1994, a curva Tamburello, em Ímola, acabou levando Senna deste mundo, provavelmente o levando de volta para aquele do qual ele veio. Depois daquele cinzento e triste domingo, 01/05/1994, ninguém nunca mais foi e provavelmente nunca mais será Senna. Depois daquele dia, as manhãs de domingo nunca mais foram as mesmas, ficaram vazias, faltando algo. Depois daquele domingo, só nos restou lembrar-nos de nosso herói com a velha frase de Eli Correa: Ayrton Senna da Silva, ou melhor, Ayrton Senna DO BRASIL, que saudade de você!

 “Não importa o que você seja, quem você seja ou que deseja na vida, a ousadia em ser diferente reflete na sua personalidade, no seu caráter, naquilo que você é. E é assim que as pessoas lembrarão de você um dia” – Ayrton Senna da Silva

* Vinicius Carrilho tem 22 anos, é jornalista
morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida 
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.

** E exagera muito ao chamar me chamar de gênio. 

quinta-feira, 28 de março de 2013

O Palmeiras precisa de um Palmeiras

Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. O raio pode até ser que não, mas a dignidade do quase centenário Palmeiras cai diversas vezes.

Depois do enésimo vexame protagonizado pelo Palestra Itália, este numa fria noite outonal do interior paulista, ao ser cilindrado pelo Mirassol (!) por 6 a 2, e com todos os golos anotados somente na primeira parte, cabe uma reflexão.

Não adianta colocarem a culpa no técnico Gilson Kleina, que não tem jogadores condizentes com a grandeza do chamado Campeão do Século. Não resolve trazer outros jogadores no lugar deste amontoado de pernas de pau que vestem a camisa verde e branca. Colocar a culpa na direção do clube, que acabou de assumir para tentar ajeitar o monte de bobagens que a dupla Tirone-Frizzo fez? Nem pensar.

Roberto Frizzo e Arnaldo Tirone, os responsáveis pelo
 time montado pelo Palmeiras (Eduardo Viana)
O problema é maior, é estrutural, é de base. O Palestra está infectado até o tutano. É comandado por um bando de retrógrados das famiglie que se aboletaram nas entranhas do clube e, como uma maldição, tem que conviver com o fantasma Mustafá Contursi arrastando suas correntes pelos porões palestrinos.

As arquibancadas estão infestadas por um bando de vagabundos que, travestidos de torcedores, afugentam não só o verdadeiro palmeirense, mas principalmente jogadores que, em condições normais, pediriam para defender o clube da Turiassu. 

A goleada de hoje nada mais é do que o reflexo do pandemônio no qual se transformou a política palmeirense, ainda mais potencializado após a queda à Série B do Brasileirão. O Palmeiras não precisa de um time, um técnico novo ou seja lá a medida paliativa que for. O Palmeiras precisa de um Palmeiras.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Seleção em busca de um time

Tomei a liberdade de escrever um texto para o nosso querido blog Bola de Bigode após um tempo de ausência. A vida jornalística tem ocupado a mim e aos outros companheiros que colaboram com este pequeno domínio jornalístico.

Sem mais delongas, quero falar sobre a Seleção Brasileira de futebol. Não quero polêmicas e nem vou citar os mandatários da entidade. Quero debater um pouco sobre a “bola” que esse time está jogando ou deveria jogar.

Não me venha falar que essa seleção não tem qualidade para pelo menos brigar nas mesmas proporções com as outras grandes seleções. Repito o termo que especifiquei há pouco: qualidade. Nomes como Neymar, Lucas, Fred, Paulinho, Thiago Silva, Júlio Cesar, dentre outros, não podem ser descartados como grandes jogadores.

Não discordo de tudo que tem se colocado acerca da Seleção Brasileira, mas o fato é que temos bons e ótimos jogadores, somente. Por mais que Mano Menezes tenha tentado uma forma de atuar e Felipão siga uma mesma ideia tática, infelizmente, esse time é um amontoado de bons nomes.

Não sei se em três meses, ou até mesmo em um ano, a Seleção Canarinho terá um time com um padrão tático bem definido e eficiente. Os nomes estão ai e cabe a Luiz Felipe Scolari montar um TIME conciso o suficiente para ser competitivo.

Para finalizar vou compactuar um pouco do que disse o Rei Pelé. Sim, usar a base de um clube  que vem de grandes sucessos pode ser a melhor forma para que o processo de formação desse tal time se dê de uma forma mais rápida: Cássio, Fábio Santos, Ralf, Paulinho, Renato Augusto e até mesmo Alexandre Pato. Por que não, de uma base, se montar um elenco forte e aos poucos ir substituindo o entrosamento pela qualidade?

Deixo a pergunta no ar. Ao contrário dos pessimistas ainda acredito na nossa seleção. Qualidade existe e a tradição dessa camisa deve ser sempre respeitada.