E AÍ, PROFESSOR? Time previsível pelas escolhas convencionais do treinador, que passou de Midas a contestado (Foto: Juan Mabromata/AFP) |
Um
chute no gol em 100 minutos de jogo. UM CHUTE! Um Brasil burocrático e
bagunçado, com um técnico previsível, com jogadores fora de posição e com muito
o que explicar na coletiva. VAR (essa desgraça do futebol moderno) à parte, o
Brasil não mereceu vencer a boa Venezuela, armada para se defender bem e que,
com uma boa dose de coragem, poderia ter feito história em Salvador.
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Taticamente o Brasil se comportou bem sem a bola, com recomposição rápida e pressão no campo de ataque para recuperar a bola rapidamente. Mas o que fazer quando se tem a bola? Tite
armou um time quadrado, com pouca movimentação e com jogadores em posição
errada. Com pouco tempo para treinar, seria interessante aproveitar as
características possíveis de serem aglutinadas, como o posicionamento de
Roberto Firmino um pouco mais recuado, jogando atrás do outro atacante.
Comparando
com outra seleção só para aproximar as condições, Fernando Santos mudou o jeito
de Portugal jogar durante a Eurocopa e também na Liga das Nações. A
coincidência foi ter ganho ambas. Na Euro, Portugal empatou os três jogos na
primeira fase, com direito ao maior número de finalizações e segunda posse de
bola, mas com pouca efetividade. Na Liga das Nações, quando ele recuou Bernardo
Silva e Gonçalo Guedes, Portugal voltou a ter a bola, mas com jogadores
melhores pra isso.
Em
ambos os casos, a qualidade do jogo apareceu nisso, e em direções opostas, mas
guiado pelo que poderiam entregar em campo. Obviamente que não é o caso de o
Brasil passe a jogar como na época de Dunga e volte a especular, pois não é
esta a característica do nosso jogo, tampouco dos jogadores à disposição, mas,
até aqui, Tite não se mostrou à vontade para modificar a forma de
jogar. Contra a Vinotinto, fez três substituições: Richarlison por Gabriel
Jesus, Casemiro por Fernandinho e David Neres rendido por Everton Cebolinha.
Trocando em miúdos, três trocas simples, com jogadores com características
parecidas para executarem a mesma função dos substituídos.
SEIS POR MEIA DÚZIA Alterações somente nos nomes, não na forma de jogar |
Tite, durante a coletiva, disse que
não dá para esperar que, na troca de volante por meia, as coisas mudem por um
"passe de mágica" e que é preciso haver uma estrutura tática que
propicie isso. Ora, qual o trabalho do treinador, que não este? Qual é a função
do comandante, além de encontrar uma maneira de fazer o meio-campo, setor
fundamental para quem tem a bola como o Brasil tem, organizar o jogo e fazer
com que os atacantes sejam servidos, ou, em outra situação de jogo, fazer com
que os espaços surjam contra equipes fechadas?
Não se trata do mítico “camisa 10”,
esta instituição sumida no futebol brasileiro, e sim de fazer o negócio funcionar,
o jogo fluir, os volantes aparecerem na frente. Como
na Copa, Tite se agarra às suas convicções. Coutinho vai mal, Casemiro vai mal,
Tite vai mal.
Um chute no gol em 100 minutos, apesar da posse de bola de 70%, mas 37 cruzamentos
na área, o que explica o meio-de-campo insosso. Se o frio torcedor paulistano
que foi ao Morumbi não apoiou na estreia, em Salvador nem o "axé dos
baianos" resolveu.