quarta-feira, 19 de junho de 2019

A quadradabilidade da Seleção de Tite

E AÍ, PROFESSOR? Time previsível pelas escolhas convencionais do treinador,
que passou de Midas a contestado (Foto: Juan Mabromata/AFP)
Um chute no gol em 100 minutos de jogo. UM CHUTE! Um Brasil burocrático e bagunçado, com um técnico previsível, com jogadores fora de posição e com muito o que explicar na coletiva. VAR (essa desgraça do futebol moderno) à parte, o Brasil não mereceu vencer a boa Venezuela, armada para se defender bem e que, com uma boa dose de coragem, poderia ter feito história em Salvador.

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Taticamente o Brasil se comportou bem sem a bola, com recomposição rápida e pressão no campo de ataque para recuperar a bola rapidamente. Mas o que fazer quando se tem a bola? Tite armou um time quadrado, com pouca movimentação e com jogadores em posição errada. Com pouco tempo para treinar, seria interessante aproveitar as características possíveis de serem aglutinadas, como o posicionamento de Roberto Firmino um pouco mais recuado, jogando atrás do outro atacante. 

Comparando com outra seleção só para aproximar as condições, Fernando Santos mudou o jeito de Portugal jogar durante a Eurocopa e também na Liga das Nações. A coincidência foi ter ganho ambas. Na Euro, Portugal empatou os três jogos na primeira fase, com direito ao maior número de finalizações e segunda posse de bola, mas com pouca efetividade. Na Liga das Nações, quando ele recuou Bernardo Silva e Gonçalo Guedes, Portugal voltou a ter a bola, mas com jogadores melhores pra isso.

Em ambos os casos, a qualidade do jogo apareceu nisso, e em direções opostas, mas guiado pelo que poderiam entregar em campo. Obviamente que não é o caso de o Brasil passe a jogar como na época de Dunga e volte a especular, pois não é esta a característica do nosso jogo, tampouco dos jogadores à disposição, mas, até aqui, Tite não se mostrou à vontade para modificar a forma de jogar. Contra a Vinotinto, fez três substituições: Richarlison por Gabriel Jesus, Casemiro por Fernandinho e David Neres rendido por Everton Cebolinha. Trocando em miúdos, três trocas simples, com jogadores com características parecidas para executarem a mesma função dos substituídos.

SEIS POR MEIA DÚZIA Alterações somente nos nomes, não na forma de jogar
Tite, durante a coletiva, disse que não dá para esperar que, na troca de volante por meia, as coisas mudem por um "passe de mágica" e que é preciso haver uma estrutura tática que propicie isso. Ora, qual o trabalho do treinador, que não este? Qual é a função do comandante, além de encontrar uma maneira de fazer o meio-campo, setor fundamental para quem tem a bola como o Brasil tem, organizar o jogo e fazer com que os atacantes sejam servidos, ou, em outra situação de jogo, fazer com que os espaços surjam contra equipes fechadas?

Não se trata do mítico “camisa 10”, esta instituição sumida no futebol brasileiro, e sim de fazer o negócio funcionar, o jogo fluir, os volantes aparecerem na frente.  Como na Copa, Tite se agarra às suas convicções. Coutinho vai mal, Casemiro vai mal, Tite vai mal.
Um chute no gol em 100 minutos, apesar da posse de bola de 70%, mas 37 cruzamentos na área, o que explica o meio-de-campo insosso. Se o frio torcedor paulistano que foi ao Morumbi não apoiou na estreia, em Salvador nem o "axé dos baianos" resolveu.

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