* por Humberto Pereira da Silva
A Argentina, de forma dramática, se classificou para a Sulafricana Copa-2010. Venceu o Uruguay em Montevideo. De Maradona se pode fazer uma pergunta: é um bom técnico? A resposta quase certa: não! Mas não custa lembrar: a Argentina não estava bem nas Eliminatórias com o antigo técnico e por isso "El Pibe" foi chamado. Com ele, os argies estarão na Sulafricana Copa-2010.
Não custa lembrar, também, que desde 90 os argies não vão além da segunda fase de uma Copa. Se passarem da primeira, Maradona não terá feito menos que outros nessas duas décadas. Ou seja, por capricho, não sendo exemplo de estrategista ou algo parecido, Maradona pode fazer mais do que dele se imaginava capaz. Sem ele, não se imaginava a Argentina na Copa ou, nonsense, não haveria razão para troca de técnico?
Mas e a imprensa? Na entrevista depois da já mítica batalha no Centenário, Maradona esbravejou e ouviu do repórter a pergunta: "você não pode ser criticado?" A reposta dele foi de teor moralizante: "crítica, sim, mas não desrespeito". Certo, mas a pergunta do repórter, que vale para muitas situações no futebol, tem outros atalhos. Crítica supõe subserviência do criticado à crítica? Se sim, trata-se de um jogo de aparências e calhordice do crítico. A tentativa de defesa é entendida como intransigência: Eu, crítico, estaria certo nas críticas se perdesse, como não foi o que ocorreu, estou igualmente certo. Se o jogo é assim, apenas por se entender como cordeiro o criticado aceitaria as críticas.
Outros técnicos são cordeiros, Maradona, antes de ser técnico, é um personagem que não aceita a condição de subserviência a regras que lhe são impostas. Por aqui, um vice como o de 98 é visto como fiasco, numa derrota como a de 2006 bodes vão para o sacrifício e nenhuma voz de Zagallos e Parreiras. Maradona faz bem, nos tira da pasmaceira. Não há porque bater leve em quem entra para quebrar a perna. Esse tem sido o papel da imprensa lá, como aqui. Mas aqui nossa lhaneza, como diria Sergio Buarque de Holanda, nos leva a aceitar numa boa. Falta-nos alguém com espírito Maradona.
Outros técnicos são cordeiros, Maradona, antes de ser técnico, é um personagem que não aceita a condição de subserviência a regras que lhe são impostas. Por aqui, um vice como o de 98 é visto como fiasco, numa derrota como a de 2006 bodes vão para o sacrifício e nenhuma voz de Zagallos e Parreiras. Maradona faz bem, nos tira da pasmaceira. Não há porque bater leve em quem entra para quebrar a perna. Esse tem sido o papel da imprensa lá, como aqui. Mas aqui nossa lhaneza, como diria Sergio Buarque de Holanda, nos leva a aceitar numa boa. Falta-nos alguém com espírito Maradona.
Pode-se, no entanto, criticá-lo pelos palavrões: chupem! chupem! Sim, mas também aqui deve-se matizar a coisa. É incivilizado esbravejar no trânsito, no trânsito caótico que leve os mortais ao extremo do estresse...; mas, como diria Fernando Pessoa, "isso acontece com tanta gente que nem vale a pena ter pena da gente". Como reles mortais, não vamos querer que Maradona se comporte como nós. Ou, num mundo que se preza por apagar as diferenças, nós, os críticos, nos achamos deuses? Alguns, como Maradona, são diferentes das estrelas... E os palavrões no trânsito, para o padrão burguês, é apenas uma forma de nos percebermos como efetivamento somos: preconceituosos de merda!
*Humberto Pereira da Silva, 46 anos, é professor
universítário de Filosofia e Sociologia e crítico de
cultura de diversos órgãos de imprensa.
1 comentário:
A imprensa não usa palavrões, mas usa eufemismos para satanizar quem que seja. Foi o que ocorreu. Deveríamos ter uns 10 Maradonas aqui no Brasil. Sua opinião(autor do texto) é uma luz no fim do túnel. A imprensa adora fazer críticas, mas odeia mortalmente recebê-las.
Max Ferreira
mxfrr@hotmail.com
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