segunda-feira, 8 de março de 2010

O melhor jogo do Paulistão


Foi um grande clássico. Seguramente o melhor jogo do campeonato. Portuguesa e Santos proporcionaram, para quem foi ao Canindé e se sujeitou a pagar o abusivo preço de R$60, um jogaço que valeu cada centavo pago.


De um lado o time que joga o futebol mais vistoso do país e dono de uma sequência de 10 vitórias seguidas; do outro uma equipe extremamente dedicada, com a proposta de se defender ferozmente e tentar os golos nos contragolpes.


E foi o que se viu: um volume de jogo santista monstruoso e a Lusa mortal no contra-ataque e com o goleiro Fábio pegando tudo. Athirson e Fabrício voavam pela esquerda do ataque rubroverde e levavam o improvisado Roberto Brum, o único que jogou mal, numa tarde para se esquecer, à loucura. Depois que o treinador Dorival Junior sacou o volante, substituindo-o pelo meia Marquinhos e passando o garoto Wesley para o setor, o Peixe entrou no jogo. O gol da Lusa, marcado pelo meia Heverton, já havia saído, após passe cirúrgico do ótimo Marco Antonio.


No segundo tempo o Santos tinha Arouca fixo na cabeça da área, Marquinhos e o virtuose Paulo Henrique Ganso na armação e André na ponta-de-lança, com os endiabrados Robinho e Neymar numa movimentação quase hipnótica. Benazzi respondeu com cinco jogadores na defesa, protegidos pelo cão de guarda Gláuber, deixando uma linha de três meias (Athirson, Marco Antonio e Héverton) e o Luis Ricardo segurando os zagueiros do Peixe.


Houve quem acusasse o técnico luso de recuar demais. Ora, jogar de peito aberto contra o Santos é pedir para ser goleado. Além do mais, a Lusa poderia ter matado o jogo nas sete chances claras que criou após ter aberto o placar, assim com o Santos teve chances clamorosas não só de empatar o jogo, mas virar. Fábio, o guardarredes luso, fez a melhor partida desde que chegou ao Canindé.


O futebol é apaixonante por causa de um elemento que poucos esportes têm: o imponderável. E foi o imponderável, a quem Nelson Rodrigues chamava de Sobrenatural de Almeida, quem definiu o placar. André, que não estava mal, foi substituído pelo Zé Eduardo. E foi ele, na última volta do ponteiro, que empatou o jogo, num lance que começou quando a Portuguesa avançava num contragolpe mortal, em que eram três atacantes de verde e vermelho contra três zagueiros de preto e branco. A bola estava com o Luis Ricardo, que sentiu uma contusão e não conseguiu chutá-la pra fora.


Ficaram algumas impressões: pelo lado do Santos, mostrou-se ser possível que se jogue sem firulas, sem perder a beleza do seu jogo; também ficou claro que é um time ainda em formação, que peca pela inexperiência, mas que é um baita time. Pelo time do Canindé, Athirson está voltando à velha forma, e Marco Antonio é o termômetro de um time que pode chegar longe, muito longe.

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