Corria o ano de 1945 quando Nuremberg, na Alemanha, sediou aquele que foi o julgamento mais emblemático de todos os tempos. No dia 20 de novembro daquele ano os principais líderes do III Reich começaram a ser julgados pelos crimes cometidos durante o regime nazista de Adolf Hitler. O tribunal decretou 12 condenações à morte, três prisões perpétuas, duas condenações de 20 anos de prisão, uma de 15 e outra de dez anos, além de três absolvições. O episódio ficou para a História como o "Tribunal de Nuremberg".
A mesma cidade alemã foi, quase 60 anos depois, o palco de um dos maiores e mais violentos jogos da história das Copas. Portugal e Holanda degladiaram-se – literalmente – pela fase de oitavas-de-final da Copa de 2006. A Selecção das Quinas ficou com a vaga, mas começou a perder o Mundial naquela partida.
O jogo marcou um duelo no mínimo interessante: Scolari x Van Basten. Quando eram jogadores, tratavam-se de atletas com características completamente opostas. Se Luíz Felipe Scolari era um zagueiro tosco e de parcos recursos técnicos, tendo passado sua carreira obscuramente por clubes de pouca expressão, Van Basten foi um dos melhores atacantes de todos os tempos, tendo brilhado pela própria seleção holandesa e pelo grande Milan da década de 80.
A primeira fase foi mais tranquila pro time de Felipão do que para os comandados de Marco Van Basten. Portugal terminou em primeiro lugar no Grupo D, com três vitórias, contra Angola, Irã e México. Já a Holanda, que esteve no chamado "Grupo da Morte", terminou na segunda colocação, com sete pontos, ao lado da Argentina, mas com saldo de golos pior e à frente de Costa do Marfim e Sérvia e Montenegro.
Um ingrediente novo esquentava o confronto: a recente rivalidade entre as seleções. Portugal fora algoz dos holandeses nas Eliminatórias da Copa de 2002, quando estes sequer foram à repescagem. Dois anos depois, na Eurocopa, Portugal voltou a despachar a Holanda, já nas meias-finais. E no dia 25 de junho, no Frankenstadion, estavam frente a frente, mais uma vez.
Para mediar o jogo a FIFA designou o árbitro russo Valentin Ivanov. Foi uma guerra. Logo aos sete minutos o cavalo holandês Boulahrouz entrou, criminosamente, de sola no Cristiano Ronaldo, causando sua saída da partida minutos depois. Ivanov deu apenas cartão amarelo ao holandês, quando a cartolina encarnada cabia perfeitamente.
Foi a deixa pro pau comer. Ao final do duelo, foram 20 cartões, sendo 16 amarelos (nove para Portugal e sete para a Holanda) e quatro vermelhos (dois pra cada lado). Nunca antes se mostrou tantos cartões num só jogo em Copas.
Foi a deixa pro pau comer. Ao final do duelo, foram 20 cartões, sendo 16 amarelos (nove para Portugal e sete para a Holanda) e quatro vermelhos (dois pra cada lado). Nunca antes se mostrou tantos cartões num só jogo em Copas.
No reinício, quando Portugal esperava que a Holanda devolvesse a bola, Heitinga partiu em velocidade contra a baliza defendida por Ricardo. Deco deu no meio dele e recebeu o cartão. Minutos depois, ao retardar o reinício da partida retendo a bola, foi expulso. No mais, pouco futebol e muita, mas muita, pancadaria. Nem o craque Figo passou incólume: durante uma das diversas confusões, o então melhor do mundo deu uma cabeçada no carniceiro Van Bommel, mas só recebeu o amarelo.
Ah, o placar do jogo foi Portugal 1 x 0 Holanda, gol de Maniche, aos 23 minutos do primeiro tempo. Depois despachou a Inglaterra, nos pênaltis, e só caiu na semi-final (e no apito) contra a França.
Imagens: ESPN
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