Meu coração está batendo à sua porta, mas você não vem abrir.
Lembro-me que, não faz muito tempo, nem era preciso bater. Sempre que ele se aproximava,
você vinha correndo e deixava a porta aberta. Afinal, já sabia que não tinha
outro motivo para passar, senão te visitar.
De uns tempos pra cá, porém, você mudou. Ouvia o toc-toc na
sua porta, mas não abria. Às vezes, dizia que estava ocupada; em outras, não
quis abrir, e eu notei. Agora nem ouve mais. Deve estar tão acostumada com o
som, com o tilintar do senhor-dos-ventos que acusa sua chegada, que nem percebe as batidas misturadas
ao som ambiente.
Acho que este é o problema. Você o teve a sua disposição por
tanto tempo que não dá mais importância para isso. É como uma roupa esquecida
no fundo da gaveta. Quando estiver com muito frio, a encontrará e talvez queira
usar. Se não quiser, deixará lá, esquecida, como está. A diferença é que uma
blusa não sente. Um coração, sim. O meu também.
Mesmo assim, ele permanece aqui, ao pé da sua soleira, esperando por qualquer vestígio de atenção. E você sabe disso. E é isso o que mais dói. Como se fosse um cãozinho ao pé da mesa, que espera cair uma migalha do seu carinho. Qualquer uma. É uma condição estranha, pois é com elas que ele se alimenta, e é por causa delas que ele está morrendo.
1 comentário:
Ok Portuga, me convenceu... vou abrir a porta pra vc ta bom????
S2
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