Os doutos donos da lei se reuniram na manhã quente da Rua da
Ajuda para decidir o fado do futebol brasileiro. Engravatados, os doutos donos
da lei tinham o calor suavizado pelos equipamentos de ar-condicionado da sala
do tribunal.
Assim, os doutos donos da lei colocaram-se acima do bem e do
mal. Inatingíveis, desfilaram um rosário de termos complicados para quem,
diferentemente deles, não é sábio, não tem o condão da lei sob o braço ou os pés.
Não os pés que chutam a bola. Estes calçam chuteiras
coloridas (ou não), não sapatos de cromo alemão impecavelmente engraxados e,
quiçá, nunca estiveram dentro de um kichute, cujo cadarço era amarrado nas
canelas. Os pés em questão pisaram na bola.
Parte de um grupo de ungidos não pela Providência Divina,
mas pelas benesses de um sistema feudal, os doutos donos da lei foram mais importantes
que os 14 gols de um centroavante ou o tento marcado pelo goleiro, já nos acréscimos
de um jogo praticamente perdido.
Os doutos donos da lei não julgaram, mas promoveram uma
execução sumária. Sob o argumento roto de preservar as leis do jogo,
modificaram o resultado aferido dentro de campo. O mesmo rigor não foi adotado
com o fluminense (com caixa baixa mesmo) em 2010 ou com o Cruzeiro neste ano
que finda em três dias.
Consideraram não haver prejuízo para a competição. Para outros,
porém, foi aplicado o rigor da lei: Dura
Lex, Sed Lex, disseram os doutos donos da lei. Só que o Dura Lex, Sed Lex não é Ad Aeternum. Depende da cara do freguês.
O comportamento dos doutos donos da lei foi assustador.
Pareciam predadores em uma savana, babando diante da presa, à espera pelo
momento de refestelarem-se. E assim foi feito o banquete.
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