Jogar para a torcida não é uma prática recente no futebol brasileiro. Aliás, justiça seja feita, não é sequer uma exclusividade do futebol. Exemplos na política existem as montes. A isso chamamos populismo.
Ações populistas são aquelas pouco sensatas, mas que agradam à audiência, ao público, ao povo. Ao torcedor. Uma equipe lá do Rio de Janeiro vinha bem no Campeonato Brasileiro e brigava pelas primeiras posições quando resolveu trazer aquele que havia sido o melhor do mundo por duas vezes e que estava dando sopa no rico, mas desprestigiado, futebol mexicano: Ronaldinho Gaúcho.
Ronaldinho, enquanto levou uma vida de atleta, fez a diferença. Foi assim no Grêmio, no PSG e no Barcelona, onde foi aplaudido em pé pela torcida do Real Madrid, que acabava de destroçar no Santiago Bernabeu. Quando resolveu desfrutar da fama e da fortuna que a bola o proporcionou, virou o fio. Ainda jogou no Milan, mas ambos, ele e o Rossonero, já não eram os mesmos.
REVERÊNCIA Puyol entrega troféu Joan Gamper a Ronaldinho. Barcelona venceu o amistoso em 2010 (Albert Olivé/EFE) |
Prometeu ir para o Grêmio, mas mudou a rota e desembarcou no Flamengo. Veio a conquista do Campeonato Carioca, com direito à barba, cabelo e bigode. Fora de campo, porém, as farras, com direito à barba, cabelo e bigode, não deixaram que ele fosse além de um título estadual. E só. Sem brilho.
A recuperação chegou com a ida ao Atlético Mineiro, onde ajudou o clube a conquistar seu principal título, a Libertadores. Parecia que voltaria a ser o grande jogador que foi até 2005. Só parecia. Foi se esconder no Querétaro, do México. Dou um bolinho de bacalhau para quem conhecia o clube antes de ele ir para lá.
Só que nem lá ele jogou. Eis que aparece o tradicional clube carioca e resolve contar com ele. Diz-se que investiu dois milhões de reais no sonho nababesco de contar com ele. Nove jogos. Nenhum gol. Nada de assistências. Lances mágicos? Só o truque do desaparecimento.
Saiu sem sequer ter chegado. Não vai deixar saudade. Nenhuma. Que ao menos sirva para que os dirigentes, seja do tradicional time do Rio ou outro qualquer, entendam que não há estratégia de marketing que resista à falta de bola. E que Ronaldinho decida se quer preservar o pouco de poético do seu nome ou se quer seguir jogando fora o que fez entre 1999 e 2005.
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