quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O jornalismo na lama

Helicóptero sobrevoa área atingida por avalanche de lama, 
em Bento Rodrigues (Antônio Cruz/Agência Brasil)

Que na última quinta-feira um desastre ambiental praticamente riscou do mapa Bento Rodrigues, distrito que fica (ou ficava) em Mariana (MG), não é novidade para ninguém. O que salta aos olhos é a passividade de parte da imprensa na cobertura do que alguns veículos chamaram de acidente, como se fosse algo inevitável ou mera obra do acaso.

Pior que isso, é a preguiça, para não dizer jornalismo mal intencionado. O jornalismo não aceita a mera reprodução de um release com a versão da empresa como reportagem. Nem é preciso adjetivar como sério, pois o jornalismo que não é sério não pode ser tratado como jornalismo.
  
O jornalista existe para instigar; para intrigar; para investigar; para incomodar. Sempre que vejo a inércia desse "jornalismo" insosso, me lembro do que diz o professor e historiador Fabio Venturini de quem tive a honra de ser aluno e hoje tenho a sorte de ser amigo: os jornalões e emissoras de TV, que são a mídia tradicional, não passam de empresas burguesas, que visam lucro. Elas querem deixar as coisas como estão, pois têm interesse nisso. E o interesse não é o leitor ou espectador.

Um jornalismo engajado e honesto derruba até um presidente de uma nação poderosa (Nixon que o diga), mas aí teria que ser engajado e honesto. Se você, jornalista que me lê, discorda, eu lamento, mas você está fazendo isso errado. E muito. E erra feio, muito feio.


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