Helicóptero sobrevoa área atingida por avalanche de lama,
em
Bento Rodrigues (Antônio Cruz/Agência Brasil)
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Que na última quinta-feira um desastre ambiental
praticamente riscou do mapa Bento Rodrigues, distrito que fica (ou ficava) em
Mariana (MG), não é novidade para ninguém. O que salta aos olhos é a
passividade de parte da imprensa na cobertura do que alguns veículos chamaram
de acidente, como se fosse algo inevitável ou mera obra do acaso.
Pior que isso, é a preguiça, para não dizer jornalismo mal
intencionado. O jornalismo não aceita a mera reprodução de um release com a
versão da empresa como reportagem. Nem é preciso adjetivar como sério, pois o
jornalismo que não é sério não pode ser tratado como jornalismo.
O jornalista existe para instigar; para intrigar; para
investigar; para incomodar. Sempre que vejo a inércia desse
"jornalismo" insosso, me lembro do que diz o professor e historiador
Fabio Venturini de quem tive a honra de ser aluno e hoje tenho a sorte de ser
amigo: os jornalões e emissoras de TV, que são a mídia tradicional, não passam
de empresas burguesas, que visam lucro. Elas querem deixar as coisas como
estão, pois têm interesse nisso. E o interesse não é o leitor ou espectador.
Um jornalismo engajado e honesto derruba até um presidente
de uma nação poderosa (Nixon que o diga), mas aí teria que ser engajado e
honesto. Se você, jornalista que me lê, discorda, eu lamento, mas você está
fazendo isso errado. E muito. E erra feio, muito feio.
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