Ok, perdoe a dancinha mal lograda. O time tem cara e jeito de que está pronto para subir (Ronaldo Barreto/NetLusa) |
Como também já foi apontado aqui, há um tabu a ser quebrado, o de o líder da primeira fase não subir. Afunilando um pouquinho mais, é possível ver que todos os que chegaram ao mata-mata com a melhor campanha caíram nas semifinais. Todos, sem exceção. E isso pode ser um indicativo de que pode ter havido um descuido na preparação em que o jogo a jogo foi tão importante quanto chegar bem à fase aguda.
Não é assim.
Desde que o mundo é mundo e o futebol é futebol, o torcedor não compreende que é possível, provável e até desejável que exista uma oscilação. É uma questão física. Deve haver espaço para tensionar, afrouxar, soltar, maturar. Lutar contra isso é querer evitar que as ondas quebrem no mar. Elas quebram como o torcedor torce, cobra e fica feliz quando os resultados positivos acontecem.
É o verbo correto a ser usado quando se trata da relação com o torcedor: acontecer. Para quem planeja o dia-a-dia e tem a obrigação de saber como as coisas funcionam – ou emperram, pois é necessário conhecer também os fatores que dificultam o processo -, o verbo é outro: resultar. As coisas acontecem simplesmente porque acontecem e resultam porque existe uma série de condições com poder de interferência direta. O acaso é um deles.
E o acaso é o único que foge ao controle. O papel dos envolvidos é diminuir ao mínimo possível o poder de interferência da sorte e do azar. E isso só é possível com domínio dos processos, poder de síntese e de transmissão deste conhecimento, trabalho e apoio.
O preparador físico Kaio Soares disse ao NETLUSA que o elenco atingiu o ápice físico, técnico e psicológico, exatamente como era preciso. Em um campeonato tão nivelado como este, detalhes da preparação podem significar o tal controle maior ou menor sobre o impacto de um erro individual, de uma marcação equivocada do árbitro, de um único lance fortuito em uma bola parada. Enfim, do acaso. E é exatamente isso o que pode representar o passo que falta para que, sete anos depois e milhas e milhas distante, a Lusa volta para casa.
Texto originalmente publicado no NETLUSA
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