Temos muitas mortes durante a vida. Perdas, traumas, lutos. O futebol foi praticamente minha identidade por muitos anos, até que, há uma década, eu morri. Eu, torcedor, não resisti ao assassinato a sangue frio, com requintes de crueldade, sem chance de defesa. Há 10 anos, uma bala atingiu meu coração.
Desde então, o torcedor que fez de mim o que eu era não vive mais; deu lugar a um cínico, alguém oco, que não se importa com as dores parecidas. "Ah, caiu? Lamento. Quando fomos derrubados, não percebi seu apoio. Foda-se!", mas não como dizem em Portugal.
Eu ficaria horas pensando em algo que jamais seria melhor que as palavras do gigante Luiz Nascimento, esse monumento do jornalismo brasileiro. Queria ser como ele, não só pelo talento, mas com a mesma fé. Mas não tenho. Não tenho nada há 10 anos. Eu morri.
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