domingo, 22 de março de 2009

Contrariando a lógica

O futebol é um dos solos mais férteis para a criação de frases de efeito. "Quem não faz, toma", "em time que está ganhando não se mexe", "futebol é uma caixinha de surpresas (esta é clássica)"... Enfim, há uma infinidade de opções pra todos os gostos. Particularmente a minha preferida é "o futebol não tem lógica". Por causa desta preferência não posso me furtar a comentar o que está ocorrendo com a Lusa.

Contrariando todas as lógicas existentes - mesmo que não existam -, a Portuguesa está muito, muito próxima de apurar-se à fase semi-final do Paulistão. Desde 2000, quando era treinada pelo Nelsinho Batista e a dupla de ataque era formada por Leandro e Bentinho, não reúne condições tão claras para tal. E naquele ano não chegou. A última vez em que a Lusa foi semifinalista no Paulistão foi em 98, no famoso jogo da "Castrillada".

Outrora nossos adversários eram os árbitros, eternos algozes. Desde Armando Marques até o já citado Javier Castrilli, exemplos não faltam.

Mas neste ano o maior oponente da Lusa é... ela própria! O planejamento, se é que houve, foi equivocadíssimo. Manteve o Estevam Soares após o descenso no Brasileirão e após a primeira rodada trocou o comando da equipe. As razões nunca serão reveladas, tamanha a gravidade dos fatos. Trouxe o Mário Sérgio, que recolocou o time no caminho das vitórias mas perdeu o comando sobre o elenco. Aí a queda iminente só aconteceu após a tão improvável quanto previsível eliminação frente ao Icasa, na Copa do Brasil, dentro do Canindé.

Ora muito bem. Foi contratado o Paulo Bonamigo. Uma indicação do Felipão, segundo o jornalista Cosme Rímole. Bonamigo, gaúcho de Ijuí, 48 anos. Como treinador venceu três estaduais no Nordeste. No ano passado dirigiu, sem sucesso, Goiás, Paraná e Ponte Preta. Ou seja, um currículo não muito alentador para a tão exigente, e às vezes chata, torcida da Portuguesa.

Aí veio o jogo contra a Ponte, quando a Lusa seria dirigida pelo preparador físico Flávio Trevisan -sob a bênção de seu amigo Mario Sérgio, que não se opôs à sua permanência na Lusa. Entretanto, Bonamigo, mesmo sem comandar apenas um treino que fosse, resolveu assumir já naquele jogo. O resultado foi um sofrido e sofrível 1 a 0 pra Lusa.

Desde então foram quatro jogos e outras tantas vitórias. Cinco golos marcados e nenhum sofrido. De quebra, a entrada no G-4, faltando apenas quatro rodadas para o fim da primeira fase. E dos quatro jogos restantes, três são em seu relvado.




O time do Canindé depende apenas do seu futebol pra chegar às meias-finais. Agora a imprensa terá, mesmo que à contra-gosto, que virar seus holofotes para o Canindé.

O problema é que, historicamente, quando se espera que a Lusa alcance resultados maiores, ela emperra. Tomara que essa seja mais uma das inexistentes lógicas futebolísticas contrariadas pela Portuguesa, e que este ano seja diferente, apesar dela mesma.

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