domingo, 21 de junho de 2009

Furrundum e peixe com maxixe



Na semana que passou, o STF (Supremo Tribunal Federal) prestou mais um desserviço ao país: Por oito votos a um, passou a ser desnecessário o diploma superior para exercer a função de jornalista, sob o roto argumento de que a profissão não representa risco.

E já que a prática jornalística não coloca em risco a vida de ninguém, que tal termos formadores de opinião desprovidos de ética e pudor? Será que as nódoas que, por certo, ocorrerão na reputação alheia não colocarão em risco a dignidade e a honra dos atingidos?

Não que apenas nos bancos das faculdades é que se aprende a escrever. Líbero Badaró e Euclides da Cunha não me deixariam mentir, mas daí a transformar o diploma em mero bibelô vai uma diferença gritante. Ética, responsabilidade e respeito não se aprende nos BBB's da vida, lugar de onde, certamente, surgirão repórteres aos borbotões.

Trata-se de uma forma rasteira de desestimular o ensino. Além do mais, enfraquecer a imprensa é a maneira mais fácil de camuflar os descalabros cometidos pelos governantes. Aí alguém me pergunta: "Mas o STF não é independente?" Teoricamente, sim. Entretanto os ministros são indicados pelo Presidente da República. Cabe ao Congresso referendar. Justo o presidente "deste país", que lutou tanto pela liberdade. Agora, do lado de lá do poder, inebriado pelo tal, ao lado de seus velhos (e novos) coleguinhas de causa, vem tolher, cercear a imprensa, tão importante para o estabelecimento da democracia. Democracia? Ah, os conceitos chavistas ecoam como nunca por aqui.

Bom, o que nos resta é, talvez, ir aprender a cozinhar, como sugeriu o presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes (faça-se justiça, foi indicação de FHC). Conhecimento de causa ele deve ter, pois devia estar muito ocupado, preparando um peixe com maxixe ou um furrundum, pratos típicos do seu Mato Grosso, a ponto de não estar atento aos problemas realmente sérios do país.

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