E o pior é que tem. Todo mundo tem. O leque de opções é cada vez mais aberto para quem quiser ir embora. Desde as ligas milionárias da Europa, as mais tradicionais, até os campeonatos turbinados pelos petrodólares do Leste europeu ou do Oriente Médio.
Jogar no Al Gharafa, Al Ittihad, Al Qualquer Coisa é mais interessante do que num Palmeiras ou Flamengo, outrora sonhos doirados dos juvenis de qualquer canto do país.
Mas o quê acontece, afinal de contas? Se vemos o sintoma, as consequências são quase palpáveis. O elencos do clube está cada vez menos identificado com o seu próprio torcedor. E a Seleção, que é um patrimônio nacional, fica relegada a segundo plano. Em primeiro lugar a independência financeira, não importa onde. Depois, só depois, a seleção. E nem precisa ser a "Canarinho". Pode ser a Polonesa, a Croata, a Portuguesa...
Mas de quem é a culpa, ó raios? Difícil responder? Não, não é. Muito pelo contrário, é simples. Basta comparar: o Real Madrid receberá, limpinho e desossado, 142 milhões de euros por temporada, pelos direitos de transmissão dos seus jogos. Isso dá pouco mais que 1,15 bilhão de reais injetados nos cofres merengues nos próximos três anos. Fora o que entrará através da venda de produtos licenciados relacionados ao clube e aos seus jogadores, além da receita gerada nos amistosos de pré temporada. Já por aqui a Rede Globo, que detém os direitos de nove entre 10 torneios esportivos, paga uma miséria, se comparado ao que recebe pelas cotas vendidas aos anunciantes.
Outro obstáculo - e dos grandes - é a própria CBF, que insiste em não adequar essa coisa que chamamos de calendário ao do Velho Continente. Como resultado, nossos clubes, que viraram meros pedintes, dependentes da "bondade" de quem (mal e porcamente) lhes der algum, não podem sequer sonhar em disputar os lucrativos torneios da pré-época europeia ou partidas na Ásia, que renderiam generosos montantes para seus combalidos cofres. Vejam a Copa da Paz, por exemplo: o Boca Jrs e a LDU estiveram lá. O sulafricano Kaizer Chiefs enfrentou - e venceu - o Manchester City, outro dia. Exceto o Boca, que é gigantesco, devemos ter por aqui uns 30 times mais tradicionais que a LDU e o Chiefs.
Assim, a única forma de montar os elencos é locando o alma dos clubes aos empresários, que cedem seus jogadores, pescados ainda na base dos próprios clubes, em troca de visibilidade para vendê-los, em qualquer tempo e a qualquer custo, restando ao clube, como fez o Corínthians, apenas abaixar a cabeça e dizer amém
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Todos dizem amém
O desmanche do ótimo time do Corínthians nada mais é que um sintoma do que se transformou o futebol brasileiro com o advento do que convencionou-se chamar de "Lei Pelé". O clube virou um mero trampolim, uma simples vitrine para os compradores. E estes nem precisam ser um grande clube de um grande centro. Um "Fenerbahçe da vida" leva. É só ter dinheiro.
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