Quando a judoca brasileira Rafaela Silva foi eliminada por causa de um golpe irregular na Olimpíada de Londres, não demorou para que críticas aparecessem nas redes sociais, sobretudo no twitter. Pior que isso, no microblog a atleta sofreu ofensas raciais e teve sua competência e honra postas em dúvida.
A resposta no mesmo nível não tardou, mas não vem ao caso a reação destemperada de Rafaela, principalmente no calor de quem acabara de perder a chance de chegar ao ápice da carreira de um atleta, materializado na medalha olímpica, por conta de um erro tolo, que ela mesma admitiu ter cometido.
Medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos e quarta colocada no ranking mundial da categoria leve, Rafaela desembarcou em Londres como esperança brasileira, ao menos entre os entendidos no judô, para chegar ao pódio. De uma hora para outra, porém, virou lixo.
Rafaela foi criticada por quem nem sabia da sua existência antes da competição. Foi julgada à revelia no tribunal de cento e quarenta caracteres e condenada, graças à ação de imbecis que julgam poder vomitar sua intolerância e deitar por terra o trabalho honesto de uma pessoa que não conhecem, de um esporte que sequer entendem ou acompanham, mas cobram assim mesmo. E só encontram eco porque existe gente sugestionável o suficiente para serem influenciados por qualquer cretino que escreve o que quer, gratuitamente, só pelo prazer de ofender e apontar o dedo.
O pecado? Perder. Cobram como se a vitória fosse obrigação. Cobram como se do outro lado não houvesse uma pessoa preparada lutando pelo mesmo objetivo. Este é o mal da cultura futebolística do brasileiro. Somos acostumados às vitórias e não aceitamos outro resultado diferente deste. Não gostamos de esporte, gostamos de vencer.
Os “automagistrados” do Tribunal dos Cento e Quarenta caracteres não toleram o fracasso de um esportista, tendo ele apoio ou não. Isso não tem a menor importância. Da mesma forma que fazemos vistas grossas para políticos que metem a mão no nosso dinheiro, sob as bênçãos da nossa passividade. E o Brasil seguirá sendo o país do futebol, da mulata, do carnaval e da corrupção. Por culpa nossa.
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