sábado, 3 de agosto de 2013

Pelos valores


José Ferreira Neto, eterno camisa 10 do Corinthians, é um dos poucos jogadores adversários que eu nunca vaiei quando estava nas bancadas. Exceto pela infeliz cusparada em outro José, o Aparecido de Oliveira, sempre achei seu comportamento autêntico algo a ser seguido. Nem tanto pelos atos em si, mas pelo valores.

Hoje ele é um dos principais comentaristas do país. Confesso que não me agrada muito. Não por não ser diplomado, mas por, normalmente,  reproduzir com palavras o que eu acabei de ver. Para traçar um paralelo, outro controverso craque dos campos, Mário Sérgio, também não tem diploma, como o Xodó da Fiel, mas comenta o que não vemos. 

Até ontem, eu colocava o Zé Ferreira Neto no grupo dos comentaristas que não seguravam minha audiência. Eis que cai a bomba do passaralho que chegou à Rádio Bandeirantes. Gente do quilate de uma Adriana Cury (filha do seu Muibo Cesar Cury), Zancopé Simões e Walker Blaz deixou a emissora. Mas o que mais chamou a atenção foi a saída do melhor comentarista, não só da casa, mas de todas as casas: Mauro Beting, o genial Mauro Beting, semente do inesquecível e mais genial ainda Joelmir Beting. 


Foi uma questão de números, de uma conta que não fechava. E isso é o que incomodou: os valores. O do vil metal se sobrepondo ao valor real, o da excelência, o do caráter. Mauro passou a ser mais um número que superava a capacidade de pagamento da empresa. Ele, Mauro, representa a isenção, o respeito e a credibilidade que eu procuro nesta função tão desvalorizada, que passou a ser vista como vilã por meia dúzia de burros encapuzados nos recentes protestos pelo país. 

Eis que Neto, em rede nacional, coloca o cargo à disposição em troca da volta do Mauro. Uma atitude tocante, mas não surpreendente. Quem o conhece exalta sua lealdade. Neto marcou um golaço. Maior que aquele do dia 5 de maio de 1991, no Maracanã, de quase do meio do campo, contra o Flamengo. Maior que a campanha do Campeonato Brasileiro de 90, quando levou o Time do Povo nas costas.



Mauro voltou a sua casa, Neto deixou o dial, mas continua na TV, e eu passei a inclui-lo no grupo de comentaristas que faço questão de ouvir. Nem tanto pelos seus comentários, mas por um motivo maior: pelos valores.

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