Capa do jornal carioca do dia 09 de janeiro. Periódico cortou 160 pessoas, 30 delas da redação |
No mesmo dia em que O Globo chamou o abominável ataque aoCharlie Hebdo de "ataque à liberdade de expressão", anunciou a
demissão de 160 pessoas do seu quadro de colaboradores. O Estado de Minas
também ceifou dez profissionais. A editora Abril fecha revistas e entrega parte
da sede.
Não foi o ataque extremista em Paris que feriu o Jornalismo,
mas ele próprio se mutila dia a dia. Quando faz coberturas superficiais, o
Jornalismo morre um pouco; quando aceita a pressão de grupos políticos ou
anunciantes, o Jornalismo morre um pouco.
O jornalista Jorge Kajuru, que perdeu o emprego na Band por ter feito críticas ao governo de Minas Gerais às vésperas de um Brasil x Argentina, em 2004 |
Quando entretém em vez de informar, o Jornalismo morre um
pouco; quando um veículo cria um título dúbio para obter mais acessos, o
Jornalismo morre um pouco.
Quando o jornalista mostra-se preconceituoso, o Jornalismo morre um pouco; quando o aspirante a foca entra na faculdade para fazer o curso só porque gosta de futebol, o Jornalismo agoniza.
Quando o jornalista mostra-se preconceituoso, o Jornalismo morre um pouco; quando o aspirante a foca entra na faculdade para fazer o curso só porque gosta de futebol, o Jornalismo agoniza.
O Jornalismo de verdade, não essa coisa que é praticada por
aí, dá voz a quem não tem; dá vez a quem dela precisa; é instrumento de
justiça, não da justiça ou de justiçamento; é o enfrentamento da censura de
onde quer que ela venha. É sacerdócio. É renúncia. É praticamente um
franciscanismo, um voto de pobreza no qual se despe da vaidade pessoal pelo bem
coletivo.
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