A imprensa portuguesa bateu o martelo e confirmou a volta de Jorge Jesus para o Benfica, fato que surpreendeu boa parte da imprensa esportiva brasileira. Não o retorno em si, pois o assunto está mais quente a cada dia que se passa sem que o próprio treinador diga se fica ou não, mas pela troca do favorito a ganhar tudo no Brasil e na América do Sul por um clube que é uma zona desgraçada e que o máximo que pode sonhar é bater nas quartas-de-final da Liga dos Campeões.
"Uma loucura!", diz um. "Imagine trocar toda a idolatria por um time que não é nem sombra do gigante que foi nos anos 1960?", comenta outro. Todos estes posicionamentos são válidos e lógicos, mas se esquecem de alguns aspectos que pesaram para que o treinador resolva regressar à casa.
Alguns são estritamente particulares: voltar a Portugal, estar perto da família, estar longe do epicentro da pandemia do coronavírus, enfim, qualidade de vida. A principal delas, porém, está no que nem a vitoriosa e inquestionável passagem pelo Flamengo proporcionou a ele: VITRINE.
O Mister ganhou o Campeonato Brasileiro, a Taça Libertadores, a Supercopa do Brasil, a Recopa Sul-americana e o Campeonato Carioca. Não bastasse, sobrou contra quase todos os adversários e, mesmo quando teve dificuldades, como na final da Libertadores, virou um jogo praticamente perdido contra o fortíssimo River Plate de Gallardo. Tirou uma diferença de oito pontos para o líder Palmeiras e terminou 16 à frente. Um assombro.
Um assombro, mas nem isso serviu para chamar a atenção dos clubes das grandes ligas europeias, objetivo maior na carreira e na vida do português de Amadora. E os 66 anos que completará daqui a uma semana não permitem que ele espere.
Para ele, ficou claro que as portas das grandes ligas poderão ser abertas com uma grande campanha pelo Benfica, tanto que, quando renovou o contrato no Flamengo no início do mês de junho, ele fez constar cláusulas de rescisão mais acessíveis para alguns clubes, dentre os quais o Benfica.
Chamado de gênio da tática em sua terra natal, ele foi campeão em Portugal, fez o diabo na passagem pelo mundo árabe e mostrou ser melhor que todos os técnicos brasileiros em sua praticamente definida curta passagem pela América do Sul. Falta ser respeitado na Europa.
E isso não é o Flamengo quem irá proporcionar a ele.
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