sábado, 19 de setembro de 2020

Famalicão 1 x 5 Benfica - as coisas são o que são


O Benfica que faltou para o PAOK sobrou em Vila Nova de Famalicão, mas antes que eu caia na facilidade de sugerir que este é mais forte que aquele, que o nível do que se pratica em Portugal é baixo - a Grécia não é nenhuma vanguarda futebolística - ou que para quem é bacalhau basta, é preciso dizer que as coisas nada mais são do que realmente são.´

Para quem se propõe a sair para o jogo, é mais apetecível encontrar um oponente que não atue praticamente todo nos últimos 30 metros do terreno de jogo. E não digo aqui que a estratégia de Abel Ferreira não foi a correta, porque foi, ou fui condenável, porque não foi. Mas a questão é exatamente esta. Se Seferovic não falha a hipótese mais clara do Benfica não primeira parte, o PAOK teria outra atitude e os espaços que o Benfica não encontrou estariam mais à mão - ou aos pés - dos de Jorge Jesus, o que não significa dizer que isso faria com que os encarnados ainda estivessem na prova.   

Em relação à partida da Champions, Jorge Jesus apostou num 11 com quatro alterações, todas do meio para a frente. Além de fazer a gestão física, mudou a forma de jogar. Saiu o imóvel Seferovic, entrou Darwin Núñez; Pedrinho deu lugar ao mais incisivo Luca Waldschmidt; Pizzi foi rendido por Rafa; e a mais importante delas, que já poderia ter acontecido na terça: o inoperante Weigl por Gabriel. 

Contra a equipa de João Paulo Sousa, o Benfica teve os espaços que não foram possíveis em Salônica, mas, o mais importante, abriu 2 a 0 com cerca de duas dezenas de minutos. O estreante Luca Waldschmidt é quem andou à espreita do lote de campo que havia para explorar na frente da área contra um Famalicão que, certamente, encontrará a melhor forma de viver sem os destaques que se foram ao fim da época passada e que não quis mudar a forma de atuar, mesmo com tantas mudanças. 

Voltando ao estreante alemão, que chegou com um ano de atraso, ele mostrou que pode ser ao carregar a bola até atirar à malha lateral, sem efeito, mas como a dizer "é por aqui". Quem entendeu foi Darwin, pela primeira vez no 11, que saiu da área para achar o passe que destravou o placar no toque de classe do germânico, coisa que Seferovic, Carlos Vinicius e Dyego Sousa (que nem conta mais) não podem fazer, mas que dificilmente funcionaria em defesas fechadas como a do PAOK.

Contra a sensação da temporada passada, o Benfica finalizou menos, mas as hipóteses à frente de Zlobin foram mais claras, mais limpas, muito em função de um incansável Taarabt ser o responsável por esticar seus tentáculos pelo campo todo a fim de recuperar a bola o quanto antes, coisa que não ocorreu sobretudo na segunda parte na Grécia, em que havia a baixa agressividade de Weigl quando a bola estava com os gregos. Contra uma equipa que joga e deixa jogar, como o Famalicão, a presença de Gabriel fez mais sentido.    

Ao fim e ao cabo, os determinantes são particularidades de cada jogo, que acabam por condicionar a partida. Uma bola que entrou, um passe que não foi interceptado. Tudo muda de jogo para jogo, de minuto para minuto dentro de um mesmo confronto. Na eliminatória para a Champions, não houve. De pendente, a fragilidade no setor esquerda da defesa, onde Grimaldo requer um apoio maior, é o ponto sobre o qual JJ deverá se debruçar para resolver sem que isso signifique perder o poder de fogo do apoio do espanhol. Foi por ali que Lameiras fez o que quis com o camisola 3.

A sombra da eliminação prematura no grande objetivo da temporada irá pairar, mas é preciso entender que jogos são para ganhar ou perder. E aprender, ganhando ou perdendo.

Vlachodimos: como se fala "mas que caraças!" em grego ou alemão? 
André Almeida: olha, Almeidinhos, gostamos de ti. Então é bom aprender a jogar sem o Pizzi ao pé para que o mister não invente de colocar o gajo que chegou agora no defeso;
Rúben Dias: no lugar dele, eu cantaria aquela canção do Roberto Leal: "Que bela a vida quando sabe que se ama...", mas trocaria o "sabe que se ama" por um "sabe que há um trinco à frente";
Vertonghen: não, Jan, não é norma da casa levar um golo pelo menos por jogo;
Grimaldo: a gente sempre tem um dia em que pensa que não deveria sair de casa. Aquele, contra o Portimonense, em que o Grimaldo se machucou, era daqueles dias em que a fechadura deveria emperrar-se (Nuno Tavares: agora fica mais fácil copiar o que um lateral faz. Olhe o Grimaldo faz e tente fazer igual, SFF);
Gabriel: perguntes ao mister por que não estiveste em campo na Grécia, pá. Eu mesmo não entendi (Weigl: parabéns, Julian. Ficaste muito bem na nova posição, ali no banco. Se for o caso, nem é preciso que entres);
Taarabt: prometas a toda a gente que é possível jogar a trinco, e também que convencerás o mister que, na falta de Samaris, o Florentino é melhor que o Weigl. Nem precisarás insistir tanto;
Rafa: deve ter saído para entrar o Pizzi para evitar o excesso de talento em campo (Pizzi: deve ter entrado no lugar do Rafa para evitar o excesso de talento em campo);
Everton: não sei se gostei mais do golo que mais pareceu um passe, tamanha a precisão para encontrar a brecha entre o Zlobin e o poste, ou o passe para o Rafa depois de escorregar. Quero ver estes contra o Porto; 
Dárwin Núñez: ora viva! Finalmente um avançado que não apanha da bola e não mete as iniciais na camisola. Noutros tempos, um gajo assim seria enviado para ser rebaixado no Espanyol (Carlos Vinícius: se queres ser feliz, diga ao mister que não jogas às pontas. Ou então veja com o Jorge Mendes uma saída o quanto antes, ou então vais acabar como o Dyego Sousa, oque não é bom sob hipótese alguma); 
Waldschmidt: onde andavas que não vieste antes, ó pá? (Diogo Gonçalves: o Jorge Jesus quer usá-lo à lateral. Ele quis com o Bernardo Silva e deu no que deu. Na pior das hipóteses, porém, podes acabar brilhando na Premier League depois de recusares voltar aos bês).

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