*Texto originalmente publicado no NetLusa
Desde 2014 o Campeonato Paulista é disputado com a atual
fórmula de disputa, variando somente o número de participantes – consequentemente
de jogos por equipe – e de rebaixados. Em 2014 e 2015, eram 20 clubes divididos
em quatro grupos e caiam quatro para a Série A2, ao passo que outros tantos
faziam a travessia contrária. Em 2016, para chegar ao número de 16 clubes e
enxugar a competição, seis foram degolados e somente dois subiram. Desde então,
são quatro grupos com quatro times. Em comum, a estupidez de não haver
confrontos diretos, pois não há jogos dentro da própria chave, mas os chamados clássicos
entre os quatro filhos preferidos estão mantidos.
A fórmula possibilita que clubes com grandes campanhas sejam
eliminados já na primeira fase e outros, com quantidades risíveis de pontos
ganhos, se apurem. Tudo depende do grupo em que estiverem. E é assim desde que a
distribuição por grupos foi definida. Nas 11 edições dessa forma, em nenhuma os
oito melhores no geral se classificaram. Entre 2015 e 2020, Corinthians,
Palmeiras, Santos e São Paulo avançaram juntos ao menos até as quartas de final. Já
são, portanto, quatro anos seguidos sem que os quatro alcançam simultaneamente os jogos a
eliminar.
No ano passado, o Ituano se classificou com 12 pontos e despachou
o Corinthians na fase seguinte, e esta havia sido a menor pontuação de um
classificado até a Portuguesa conquistar a vaga com incríveis dez pontos,
ao passo que o São Bernardo, que fez 21, ficou de fora. Foi – e está sendo – um
escândalo!
A fórmula é boa? Não, não é. E é assim porque existe uma
limitação de datas e é preciso garantir os confrontos entre os quatro, mas daí
a ser justa essa barulheira toda? Ora, bastava ler o regulamento para saber que
poderia acontecer. Aliás, bastava ler os regulamentos há 11 anos.
É mais escandaloso que os quatro filhos mais bonitos aos olhos
da FPF recebam 40 milhões de reais para participarem, cinco vezes mais que cada
um dos outros 12, com exceção do Bragantino, que recebe uns caraminguás a mais. Ok, é preciso que os clubes prestigiem a competição, mas essa
diferença é obscena, para dizer o mínimo.
Não há injustiça alguma na classificação com este número de pontos que, na temporada passada, quase foi insuficiente para evitar a queda. Como os dois rebaixados
estavam no grupo da Portuguesa, ela perdeu uma boa chance de somar mais seis pontos.
Tira-se os seis que o São Bernardo somou contra Ituano e Santo André e os
repasse para Lusa, em um exercício tão simples quanto safado no qual o
representante do ABC e a Lusa trocam de chave, e a pontuação rubro-verde será
maior.
É estúpido? Sim, mas mais parvoíce que isso é maldizer o regulamento somente agora, mesmo tendo dez anos para notar isso.
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