Castelo de Abrantes (Rui Miguel Silva) |
Tudo como dantes no quartel d'Abrantes. Era assim que se respondia em Portugal, no século XIX, quando alguém perguntava como iam as coisas. Era a época da invasão de Napoleão Bonaparte à Península Ibérica, quando a Família Real portuguesa, que não era besta, veio para o Brasil, fugida do general francês. Como uma das primeiras cidades a serem invadidas foi Abrantes, localizada às margens do Tejo, e não houve lá muita resistência, a resposta era usada em tom de ironia.
Tudo como dantes no império de Juju. Assim pode ser resumido o atual momento do São Paulo. Entra treinador, sai treinador, entra jogador, sai jogador, e tudo segue igual. A mesma auto-suficiência, a mesma soberba.
O que antes era um exemplo de gestão virou motivo de chacota. O Tricolor, com seu invejado e indiscutível planejamento, com sua localização em uma área nobre da cidade e sua mania de grandeza, despertava a admiração da imprensa, a ira das outras torcidas e conseguia, a cada conquista, um sem número de novos adeptos, que arrotavam sua pretensa superioridade a cada venda de um prata-da-casa para algum time rico da Europa (mesmo que o tal prata-da-casa fosse cooptado na base de algum co-irmão menos organizado).
A rotatividade na cadeira do presidente garantia a saúde administrativa do "Soberano". Ora, se quisesse continuar mandando, o presidente que fizesse seu sucessor. E assim a vida seguia. Seguia, pois, de uma hora para outra, a oposição se enfraqueceu, a tal cadeira presidencial virou trono e o déspota Juvenal Juvêncio nela se aboletou.
A cada competição perdida, a cada não-classificação para a Libertadores, a solução passou a ser a convocação de uma entrevista coletiva, concedida por El Rey, é claro, na qual Sua Majestade profere frases que já fazem parte do riquíssimo folclore do futebol brasileiro. O técnico Leão foi só mais um que passou pelo Reino de Juju e acabou virando bobo da corte, substituído toda vez que perde a graça. E tudo segue como dantes.
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