* por Vinicius Carrilho
Adenor Leonardo Bacchi,
Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar, desde já,
qualquer formalidade de lado e dizer que te tratarei por seu apelido: Tite.
Sim, eu não lhe conheço pessoalmente, mas você faz parte da rotina de 30
milhões de pessoas há dois anos. Neste tempo, já viramos praticamente membros
de uma família.
Aliás, eu o conheço de outras épocas, até um pouco
distantes. Lembro-me que a primeira imagem que tive de você me causou tristeza.
O ano era 2001 e a partida decidia a Copa do Brasil. Como técnico do Grêmio,
mostrou muita personalidade ao dar o chamado nó tático no experiente e badalado
Vanderlei Luxemburgo, conquistando aquela competição. Ali, sobre o Corinthians,
o Tite nascia para o futebol brasileiro.
Já a segunda imagem que tive foi de algo quase milagroso.
Com um time medonho nas mãos, em 2004, livrou o Corinthians do rebaixamento e
quase colocou a equipe na Copa Libertadores da América do ano seguinte. Lembro-me que naquela época já mostrava um
pouco da personalidade que todos conhecem hoje. Em suas já costumeiras goleadas
de 1 a 0, comemorava os gols como um jogador, correndo loucamente e abraçando o
primeiro que estivesse na frente, mesmo se este fosse o gandula da partida.
Em 2005, com o investimento da MSI, tinha um time melhor
para trabalhar, porém mostrou que dinheiro nenhum no mundo fere os princípios
de um homem. Demitiu-se após uma invasão de vestiário por parte de Kia Joorabchian,
ingerência clara em seu trabalho. Naquele dia, você e o Corinthians pareciam
dar um adeus um para o outro. Pois é, pareciam, pois na verdade, para a sorte
de ambos, era um até breve.
Você seguiu sua vida, o Corinthians, a dele e realmente
parece que um nasceu para o outro. Os dois passaram por mais momentos ruins do
que bons neste período de separação. O improvável, mas fulcral retorno
aconteceu em 2010 e logo na sua primeira derrota, diante do inesquecível
Tolima, viu-se mais uma vez balançando no cargo.
Porém, diz um ditado que o tempo é o senhor da razão e com
você não foi diferente. Naquele momento, tornou-se alvo de várias críticas,
inclusive deste que lhe escreve. Você parecia ser daqueles treinadores que
gostam de inventar. A famosa figura que mais atrapalha do que ajuda. Pois é,
mal sabíamos nós, os críticos, que tudo aquilo era um trabalho de CONHECIMENTO
do grupo. Burros e cegos pela paixão que é o Corinthians, acabamos quebrando a
cara, com a maior alegria, quando, no Campeonato Brasileiro de 2011, tu mostrou
que pode sim ser chamado de professor. Ou melhor, deve ser chamado de mestre.
Chegou 2012 e o que era crítica já havia se transformado em
idolatria. Seu trabalho sério, baseado em muita “TREINABILIDADE”, nos deu a
única taça que não tínhamos: a Libertadores da América. E ela veio de forma
invicta.
Mais do que isso, fez com que 30 milhões de pessoas
deixassem de se preocupar com o seu ofício. Por meio de muito TRABALHO, nos deu
uma sensação que há tempos não tínhamos, se é que tivemos um dia. Poderíamos
não concordar com a escalação de A ou B, mas sempre tínhamos na mente que você
sabia muito bem o que estava fazendo. A relação, antes de desconfiança, havia
se tornado de “CONFIANÇABILIDADE”.
Hoje, 16 de dezembro de 2012, você, Tite, pode (e deve)
orgulhar-se por ser campeão mundial. É o comandante do melhor time do planeta!
Mas, neste mesmo dia, pode ter a certeza de que, definitivamente, conquistou
algo muito maior. Neste domingo, Adenor Leonardo Bacchi, o Tite, tornou-se o
maior treinador da história do Sport Club Corinthians Paulista. Conquista essa
regada a HONESTIDADE, CARÁTER, PACIÊNCIA e ME-RE-CI-MEN-TO.
Sem mais para o momento, deixo apenas o meu muito obrigado,
mestre!
* Vinicius Carrilho tem 21 anos, é jornalista,
morador de Osasco e gostaria de ganhar a vida
fazendo humor, mas escreve melhor do que conta piadas.
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