quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Metáfora da vida.

E 2012 chega ao fim. Não o mundo, como disseram que os Maias disseram, mas o próprio ano. Aliás, que injustiça imputar a eles tal previsão. Justo eles, que foram incapazes de prever o colapso da sua própria civilização, dizimada pelos colonizadores espanhóis.

Foram os espanhóis, coincidentemente, que fizeram da concorrência os "maias da vez". Não só revalidaram o título de campeões europeus como provaram ser a seleção não do momento, mas os responsáveis pela releitura que acontece de tempos em tempos no nosso futebol. Assim como os húngaros nos anos 1940 e 1950 e os holandeses das décadas de 1960 e 1970, a Espanha revolucionou o jeito de olhar, de jogar e de pensar futebol. Quem não entendeu isso perdeu o bonde da história e vai ficar difícil recuperar o tempo e o espaço perdidos.

Também nos gramados espanhóis, Messi seguiu desafiando a lógica. Foram 91 golos anotados em jogos oficiais, com as camisas do Barcelona e da Argentina. Mais que Gerd Mülller, mais que Pelé. É impossível dizer até onde o gênio argentino vai, como também é impossível não colocá-lo entre os grandes da história. Seu "rival", Cristiano Ronaldo, pessoalmente também teve um ano brilhante e provou que pode fazer com a camisola portuguesa o que faz com a merengue. Caso venham ao Brasil em 2014, terão tudo para fazer história.

No futebol brasileiro, o Corinthians escreveu a página mais valiosa da sua história. Depois de 12 anos da conquista do seu primeiro mundial, 2012 reservou o topo do mundo aos corintianos que tomaram de assalto (sem trocadilho) o Japão. Pelas mãos, literalmente, do gigante Cássio e pela cabeça do peruano Guerrero, a Terra do Sol Nascente viu renascer não o sol, mas a superação da camisa, da vontade e da fé sobre o poderio de um adversário tão desorganizado quanto rico. Este era o Chelsea, mas o nome, assim como o clube londrino, não tem tanta importância assim. 

O ano também marcou a despedida de outro gigante da camisa 12. Ou melhor, do maior deles. São Marcos do Palesta Itália foi canonizado no relvado do Pacaembu com uma festa digna da sua importância, apesar do ano terrível pelo qual passou o seu Palmeiras, de tanta gente e de tantas glórias, como a conquista da Copa do Brasil, ofuscada pelo inacreditável descenso no Brasileirão. Muitos disseram que ele merecia fazer suas últimas defesas na sua própria casa, mas que lugar foi mais apropriado que o estádio de todos para a consagração de um ídolo que também era de todos? 

Santos e São Paulo também levantaram troféus, mas não significa que tiveram um ano assim tão bom. O time da Vila fez história ao conquistar, depois de mais de 40 anos, o tricampeonato estadual. Neymar continuou fazendo estragos nos adversários e só não proporcionou ao Santos um segundo semestre glorioso porque ficou mais tempo a serviço da Seleção Brasileira que do time que paga seu salário. Aliás, para manter a joia na Vila Belmiro o Santos tem feito de tudo, menos montar um time à altura de seu craque. O Tricolor, por sua vez, fez de um título antes secundário aos seus próprios olhos a redenção de um ano no qual a diretoria, na figura do folclórico presidente Juvenal Juvêncio, só fez bobagens.

Outra diretoria que abusou do direito de errar foi a da Portuguesa. E como! Transformou, em questão de meses, um time quase perfeito em motivo de piada, com o rebaixamento no Paulistão. Depois, teve que fazer das tripas coração para não cair também no nacional, e agora terá tentar, mais uma vez, provar ao mundo que é grande.

Em janeiro começa tudo de novo. Os que estiveram em alta tentarão se manter por cima. Os outros terão como missão aprender com os erros e fazer uma temporada melhor. A vida também é assim, com altos e baixos. Por isso o futebol é tão apaixonante, pois ele é uma metáfora da própria vida. 




   

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