Por Humberto Pereira da Silva*
Lionel Messi falhou
contra o Chile, na decisão da Copa América Centenária. Depois do empate no
tempo regulamentar e na prorrogação, Messi perdeu pênalti na disputa final e a
Argentina, a Copa.
ACABOU? Messi lamenta derrota na Copa América Centenária (Adam Hunger/Reuters) |
Mais uma vez, pela
terceira consecutiva, a Seleção Argentina chega à final nos últimos três anos e
deixa o título escapar. Mais uma vez Messi não consegue ser campeão pela
seleção de seu país. E nessa última decisão, para agravar, ele perdeu um pênalti
decisivo.
Dias depois, em enquete
do UOL para importantes jornalistas esportivos, duas perguntas: qual a
responsabilidade de Messi nesses fracassos? Que lugar ele ocupa na História?
Pouco importa quais respostas foram dadas. Melhor, foram espontâneas, resultaram do calor da hora. Justamente por isso elas, e quaisquer outras, dizem alguma coisa tanto quanto não dizem nada. Sobre as questões do UOL, então, vale apenas especular.
Pouco importa quais respostas foram dadas. Melhor, foram espontâneas, resultaram do calor da hora. Justamente por isso elas, e quaisquer outras, dizem alguma coisa tanto quanto não dizem nada. Sobre as questões do UOL, então, vale apenas especular.
PRIMEIRO REVÉS: Ainda coadjuvante, Messi caiu para um Brasil reserva na final da Copa América de 2007 (Getty) |
Para a expectativa
geral, com o que fez e conquistou pelo Barcelona, Messi fica exposto a
extremos: vencendo é endeusado; perdendo torna-se alvo de críticas sem meio
termo.
A derrota é imperdoável
para um craque na sua condição, daí a cobrança desmedida. Mas futebol, não nos
esqueçamos, é um esporte coletivo: somente a miopia de muitos faz crer que
individualidades são necessárias e suficientes.
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Vencedores e vencidos
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A situação que se
oferece a Messi na Albiceleste não é a mesma da do Barcelona. Na seleção,
falta-lhe uma condição essencial, vital: alguém que assuma a liderança da
equipe, um Iniesta, e assim lhe permita somente jogar futebol.
VICE NA COPA DO MUNDO Escolhido melhor jogador da Copa de 2014, Messi não conseguiu levar Argentina ao título (Xinhua/TELAM) |
As razões para isso não
cabem em especulações dadas no calor da hora. De fato, como já foi levantado
sem esclarecimentos plausíveis, ele sofreria de Síndrome de Asperger? Se não, o
fato é que diante de uma situação desfavorável, na qual se esperaria dele ser
mais que um jogador extraordinário, ele sucumbiu à pressão.
No futebol, o
individualismo, a magia de um craque, não é suficiente numa situação de
decisão. Messi falhou em grande parte nessas três decisões de que participou
porque nelas ele contou somente com seu extraordinário talento.
Um extraordinário
talento, contudo, pode ser uma condição necessária, mas não suficiente. Messi
não é dotado da capacidade que alguns poucos jogadores têm, mesmo que
tecnicamente menos talentosos, de controlar, estabelecer o ritmo de uma partida
e assim comandar seus companheiros. Se essa capacidade foi um fator decisivo,
Messi não pode ser cobrado pelo que não podia oferecer.
TERCEIRA FINAL PERDIDA No Chile, Argentina cai nos pênaltis para o time da casa. Messi marcou o seu (Veja.com/AFP) |
Mesmo assim não deixa
de ser incomum uma equipe chegar a três decisões seguidas e perdê-las. Um
detalhe ou outro no jogo de circunstâncias e a Argentina teria vencido esta ou
aquela das três decisões.
Sim, mas o fato e que a
Argentina e Messi perderam as três. E é na decisão, efetivamente, que se mede a
pressão sobre um jogador fora-de-série. Perder as três deve trazer alguma coisa
sobre a incapacidade emocional de Messi na hora H.
A esse respeito, a
segunda questão da enquete do UOL: que lugar lhe cabe na história?
O futebol legou uma
galeria de jogadores fantásticos. Messi está entre estes. As circunstâncias de
seus fracassos na Seleção Argentina, contudo, alimentarão polêmicas. O que me
parece mais notável é que seus insucessos na seleção lançam dúvidas sobre suas
conquistas no Barcelona.
MAIOR DOR Messi perde pênalti e é vice pela quarta vez com a Argentina (Getty) |
Diante deles, para mim,
na hora da decisão Messi é pequeno; carece de alguém do lado para que
despreocupadamente possa exibir seus dotes de fora de série.
*Humberto Pereira da Silva, 52 anos, é professor
universítário de Filosofia e Sociologia e crítico de
cultura de diversos órgãos de imprensa.
*Humberto Pereira da Silva, 52 anos, é professor
universítário de Filosofia e Sociologia e crítico de
cultura de diversos órgãos de imprensa.
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