Por Leandro Marçal*
É PEEEEENTAAAA! O até então inexpugnável Kahn solta a bola nos pés do artilheiro da Copa (AFP) |
Foi naquele 30 de junho que um topete feio venceu as costeletas
também desprovidas de beleza.
Precisamos de pouco mais de 67 minutos de jogo (sim, eu
precisei usar a calculadora para somar os 45 do primeiro com os 22 do segundo
tempo) para Ronaldo vencer pela segunda vez o alemão com cara de bravo, que incultos elegeram o
melhor daquela Copa do Mundo.
Quem tem entre 25 e 30 anos, certamente guarda aquele
Mundial de seleções com uma ternura de infância, quando a privatização da Seleção Brasileira era menos visível ou enxergávamos menos.
Há 14 anos, éramos quase 180 milhões de brasileiros
acordando de madrugada para ouvirmos Galvão Bueno berrando os gols de uma
suposta família Scolari de um tempo que o futebol nacional tornava a vida mais
suportável como a literatura ou a arte.
Minha distante e eterna infância me convence que apenas
uma tia chata de minha mãe não viu os dois gols do dentuço e o Kaká quase
entrando em campo ao fim do jogo e o samba e a Fátima antes do Encontro e o
Galvão sem gel no cabelo e o Marcos com cabelo e tudo o que o YouTube mostra
com a frieza de imagens que não traduzem sentimentos e lembranças de quem viveu
aquilo.
Sem em 98 os gritos de TAFFAREEEEEEEEELLLLLLLL foram
marcantes e a de 94 eu, então com três anos incompletos, não guardo nenhuma recordação, aquele 2002 me apresentou
de fato ao que era e representa o futebol ao mundo e à nossa cultura. Não havia
outro assunto na escola.
Não havia outro assunto em casa, na rua, no bar.
Ninguém dormia até mais tarde (só a tia chata da minha
mãe).
Custo
a acreditar que já se passou 14 anos. Minha infância me diz que foi hoje de
manhã, antes de vir pro serviço.
*Leandro Marçal é um jornalista de 24 anos, torce pelo Tricolor Paulista
e por um mundo menos hipócrita e com mais bom humor.
E, apesar do nome de sambista, é incapaz de tocar um reco-reco.
Ainda assim, é o Rei da Noite de São Vicente.
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