Por Alessandro Yara Rossi*
JOGO PARA A TORCIDA A ultima vítima da inconstante diretoria alviverde (GazetaPress) |
Sei que vários textões já foram feitos sobre a demissão de
Eduardo Baptista do Palmeiras, mesmo com apenas 20 jogos e com um aproveitamento
próximo de 70%, mas vou falar na visão de um torcedor sensato (sim, é possível) o que achei disto
tudo.
Novamente, a diretoria do Palmeiras erra feio no planejamento
para uma temporada ainda promissora em termos de títulos, mas que ficou
refém na tentativa de frustrada de convencer Cuca a renovar o contrato e deixar
de lado a sua família.
Cuca, além de ser um profissional ímpar, é também humano e não abdicou de sua querida família. Isso foi um soco na cara do
diretor Alexandre Mattos e do sucessor na presidência.
Depois que Mauricio Galliote foi eleito para suceder Paulo
Nobre, o objetivo era escolher o substituto do campeão brasileiro e a demora em
definir O Nome ideal fez com que Eduardo Baptista, estudioso, mas sem nenhuma grife, fosse
contratado para comandar o time em 2017, tendo a Libertadores como obsessão.
O investimento capitaneado pela "cheque em branco" do
Palmeiras, a tia Leila da Crefisa, foi algo abissal em termos de Brasil. Desde os tempos em que dinheiro da Parmalat jorrava feito leite em teta de vaca gorda, o Verdão não tinha um elenco tão caro.
Logo na apresentação, o filho do Nelsinho Baptista mostrou
que mudaria o esquema de jogo, adotando o que deu muito certo na Ponte Preta. No entanto, este choque de filosofia não
foi bem aceito por parte do elenco alviverde, que se acostumou com o estilo
contundente e de jogadas em velocidade.
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Eduardo gosta de ficar mais com a bola e não se
expõe tanto ao adversário, mas, para isso, é preciso treinar muito e, claro, que todos os jogadores entendam a ideia para colocá-la prática. Porém, nas
primeiras partidas, a impressão era que o time regrediu. Parecia um bando, um amontoado de jogadores de verde em campo.
A torcida que canta e corneta logo clamou por Cuca já no segundo
jogo do Paulistão, contra o São Bernardo. Realmente, a vida de Eduardo não
seria nada fácil e se não evoluísse logo, seu descarte aconteceria mais cedo ou
tarde.
O time não conseguia estabelecer um padrão
tático, mostrando pouca criação de jogadas, tão previsível quanto as substituições
feitas. A diretoria já estava monitorando Cuca, que ainda cuidava da família,
que a qualquer momento seria chamado para novamente fazer o Palmeiras ser
consistente dentro de campo e, claro, agradar a exigente e mal acostumada torcida.
A vitória de virada contra o Peñarol pela Libertadores e a entrevista cheia de
raiva disparada contra a imprensa (tendo Juca Kfouri como alvo principal) fizeram com que o treinador ganhasse uma
sobrevida, mas a eliminação do jeito que foi para a Ponte Preta no Paulista
mostrava que os dias dele estavam perto do fim. A gota d'água foi a derrota para o medonho Jorge Wilstermann na Bolívia.
A perdida diretoria do Palmeiras precisou de 20 jogos para finalmente
achar que Eduardo Baptista não era O Nome para comandar um time tão badalado
pela imprensa. Planejamento? Nenhum. Competência? Menos ainda, o que é normal em se tratando de Palmeiras.
Para tapar o sol com a peneira e acalmar a torcida, Alexandre
Mattos foi pedir de joelhos - e com a grana da Crefisa na mão - para Cuca aceitar
voltar ao Palmeiras depois de cinco meses. Aí sim a resposta foi positiva.
O novo contrato vai até fim de 2018 e parece que todo mundo
já se esqueceu da frustrada passagem de Eduardo Baptista à frente do Palmeiras. Mesmo porque, diferentemente de Gareca, Marcelo Oliveira e Baptista, Cuca parece estar imune à máquina verde de triturar treinadores.
SÓ ELE? Cuca volta com status de único possível para comandar o Palmeiras (Cesar Creco/Agência Palmeiras) |
*Alessandro Yara Rossi é jornalista, corneteiro e fã de esportes alternativos
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