segunda-feira, 8 de maio de 2017

A máquina de triturar treinadores

Por Alessandro Yara Rossi*


JOGO PARA A TORCIDA A ultima vítima da inconstante
 diretoria alviverde (GazetaPress)
Sei que vários textões já foram feitos sobre a demissão de Eduardo Baptista do Palmeiras, mesmo com apenas 20 jogos e com um aproveitamento próximo de 70%, mas vou falar na visão de um torcedor sensato (sim, é possível) o que achei disto tudo.

Novamente, a diretoria do Palmeiras erra feio no planejamento para uma temporada ainda promissora em termos de títulos, mas que ficou refém na tentativa de frustrada de convencer Cuca a renovar o contrato e deixar de lado a sua família.

Cuca, além de ser um profissional ímpar, é também humano e não abdicou de sua querida família. Isso foi um soco na cara do diretor Alexandre Mattos e do sucessor na presidência.

Depois que Mauricio Galliote foi eleito para suceder Paulo Nobre, o objetivo era escolher o substituto do campeão brasileiro e a demora em definir O Nome ideal fez com que Eduardo Baptista, estudioso, mas sem nenhuma grife, fosse contratado para comandar o time em 2017, tendo a Libertadores como obsessão.

O investimento capitaneado pela "cheque em branco" do Palmeiras, a tia Leila da Crefisa, foi algo abissal em termos de Brasil. Desde os tempos em que dinheiro da Parmalat jorrava feito leite em teta de vaca gorda, o Verdão não tinha um elenco tão caro.

Logo na apresentação, o filho do Nelsinho Baptista mostrou que mudaria o esquema de jogo, adotando o que deu muito certo na Ponte Preta. No entanto, este choque de filosofia não foi bem aceito por parte do elenco alviverde, que se acostumou com o estilo contundente e de jogadas em velocidade.

Leia também:
A ampulheta de Cristiano

Eduardo gosta de ficar mais com a bola e não se expõe tanto ao adversário, mas, para isso, é preciso treinar muito e, claro, que todos os jogadores entendam a ideia para colocá-la prática. Porém, nas primeiras partidas, a impressão era que o time regrediu. Parecia um bando, um amontoado de jogadores de verde em campo.

A torcida que canta e corneta logo clamou por Cuca já no segundo jogo do Paulistão, contra o São Bernardo. Realmente, a vida de Eduardo não seria nada fácil e se não evoluísse logo, seu descarte aconteceria mais cedo ou tarde.

O time não conseguia estabelecer um padrão tático, mostrando pouca criação de jogadas, tão previsível quanto as substituições feitas. A diretoria já estava monitorando Cuca, que ainda cuidava da família, que a qualquer momento seria chamado para novamente fazer o Palmeiras ser consistente dentro de campo e, claro, agradar a exigente e mal acostumada torcida.

A vitória de virada contra o Peñarol pela Libertadores e a entrevista cheia de raiva disparada contra a imprensa (tendo Juca Kfouri como alvo principal) fizeram com que o treinador ganhasse uma sobrevida, mas a eliminação do jeito que foi para a Ponte Preta no Paulista mostrava que os dias dele estavam perto do fim. A gota d'água foi a derrota para o medonho Jorge Wilstermann na Bolívia.

A perdida diretoria do Palmeiras precisou de 20 jogos para finalmente achar que Eduardo Baptista não era O Nome para comandar um time tão badalado pela imprensa. Planejamento? Nenhum. Competência? Menos ainda, o que é normal em se tratando de Palmeiras.

Para tapar o sol com a peneira e acalmar a torcida, Alexandre Mattos foi pedir de joelhos - e com a grana da Crefisa na mão - para Cuca aceitar voltar ao Palmeiras depois de cinco meses. Aí sim a resposta foi positiva.


O novo contrato vai até fim de 2018 e parece que todo mundo já se esqueceu da frustrada passagem de Eduardo Baptista à frente do Palmeiras. Mesmo porque, diferentemente de Gareca, Marcelo Oliveira e Baptista, Cuca parece estar imune à máquina verde de triturar treinadores. 

SÓ ELE? Cuca volta com status de único possível para
 comandar o Palmeiras (Cesar Creco/Agência Palmeiras)
*Alessandro Yara Rossi é jornalista, corneteiro e fã de esportes alternativos

Sem comentários: