segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Benfica 2 x 3 Braga - o Dia de Ação de Graças


Os Estados Unidos, o Canadá e, pela influência cultural norte-americana, grande parte do mundo reservam um dia em novembro, nomeadamente a última quinta-feira do mês, para agradecer a Deus pelas bênçãos alcançadas durante o ano que está a acabar. É o Dia de Ação de Graças, ou Thanksgiving Day. Até minha patroa sugeriu que a gente faça uma janta com alguns amigos. 

Em Portugal, caso o Braga queira agradecer a alguém por alguma graça alcançada, já terá o que por à mesa para demonstrar gratidão ao Benfica pela vitória do último domingo, na Luz. Para ser justo, ou menos injusto, os arsenalistas poderão dar graças aos três golos ofertados pela gente encarnada.

E é preciso ser justo para reconhecer que Carvalhal, mesmo sem contar com jogadores como Ricardo Horta, Fransérgio e Gaitán, soube fechar as portas a um Benfica que tinha a bola, mas não soube fazer com que este domínio se traduzisse em chances de golo. 

Pelo contrário, foi com a bola que os de Jorge Jesus permitiram que os bracarenses abrissem o placar. Com todas as opções próximas para sair jogando marcadas pela pressão bracarense, Otamendi contrariou a saída construída em passes curtos e tentou ligar para o meio diretamente, mas o passe, completamente errado, parou em Castro e ficou com Iuri Medeiros. Este não foi incomodado por Samaris e bateu de fora, no canto direito de Vlachodimos para tirar o nulo do marcador.

Antes disso, somente num canto batido por Pizzi que encontrou a cabeça de Otamendi antes do remate acrobático de Vertonghen, defendido por Matheus. Uma única hipótese criada em bola parada e com a participação dos centrais. E só.

Em desvantagem, os da casa voltaram com Gabriel na vaga de um infeliz Samaris e Everton, inexistente, deu lugar a Seferovic. Cinco minutos foi o que demorou para que o Braga explorasse o espaço à frente da zaga, um verdadeiro presente ofertado a Carlos Carvalhal. Al Musrati avançou como se toda a gente de vermelho respeitasse o isolamento social e esperou até a linha defensiva contrária ser desfeita quando Otamendi saiu à caça dele e deixou o espaço onde Francisco Moura recebeu, dominou e aumentou a vantagem dos nortistas. Toda a gente encarnada que por lá estava tentou deixá-lo fora de jogo, exceto Gilberto.

Com Taarabt no lugar de Pizzi, outra figura perdida em campo, o Benfica passou a ter mais volúpia no meio, muito embora isso também tenha sido fruto do recuo de quem tinha dois gols à frente e muita disposição para contragolpear. Como quem trabalha conta mais com a sorte, Al Musrati deu um estouro para evitar Taarabt em zona proibida de perder a bola e esta ficou entre Vlachodimos, que saiu sabe-se por que da área, e Otamendi, com Gilberto a torcer para que nada desse errado. Mas deu. Francisco Moura aproveitou o momento "espera que eu espero" entre guarda-redes e central, roubou-lhes a bola e só empurrou para o gol vazio.

Aí o Benfica entrou no jogo, e este é o único motivo para Carlos Carvalhal ralhar com os seus. Em 30 minutos, os donos da casa, com Gabriel, Rafa Silva e principalmente Grimaldo (que havia substituído o trágico Nuno Tavares pouco antes do 3-0), Taarabt e Seferovic em grande, criou hipóteses para encostar e, com um poucochinho de sorte, empatar e até dar a volta no marcador. Primeiro Rafa recebeu de Gilberto a jogada bem distribuída por Gabriel, escapou de Sequeira e cruzou no pé de Seferovic, que desviou de primeira para tentar rediscutir o resultado.

Tudo passando por Taarabt, um minuto depois, quase Seferovic bisou no cruzamento de Grimaldo, que ele cabeceou à queima-roupa, mas Matheus fez a defesa do jogo. Pouco depois, o marroquino tramou com Gabriel, avançou e acionou o espanhol em profundidade; Grimaldo colocou no pé de Waldschmidt, mas ele errou a finalização com o gol aberto.

A mão que deu, também tira. Na única chance do Braga quando o Benfica estava por cima, Paulinho recebeu de Galeno e foi travado por Vertonghen. Na sobra, o brasileiro tentou encobrir o grego com classe, mas este desviou com a ponta dos dedos para manter o jogo em aberto.

A cinco minutos do 90, Gabriel buscou Taarabt, recebeu de volta e chamou Grimaldo. Este contou com o apoio de Darwin Núñez para atrair os marcadores e tabelou com Taarabt para receber pelo alto e assistir de cabeça para Seferovic diminuir a um a vantagem do Braga. A calma deste gol contrastou com o fim do jogo, quando o tempo era escasso e a tática já havia ido embora. 

E quase resultou no último lance. Gabriel mandou o balão, a zaga rebateu, Grimaldo tentou pelo alto para Seferovic, que cabeceou para o meio, onde Otamendi tentou uma bicicleta  e a bola que sobrou para Seferovic, em fora de jogo, empurrar para o gol, em lance bem anulado pela arbitragem, mas que daria ao jogo um resultado injusto demais que os times apresentaram (ou não). 

Que Carlos Carvalhal agradeça por isso também.

Vlachodimos: meu caro Ody, não vás me fazer outra vez o mesmo que seus colegas de zaga;
Gilberto: aproveite a parada para os jogos de seleções para aprender a não deixar os gajos do outro time em condições (Diogo Gonçalves: que Nossa Senhora da Lateral o cubra de bênçãos e te torne um jogador da posição até que o André Almeida volte); 
Otamendi: prefiro não dizer o que penso por respeito aos que leem; 
Vertonghen: aproveites que tu e o Otamendi falam Inglês e pergunte "What the fuck, man?" É isto ou aprendas a rezar enquanto jogas;
Nuno Tavares: o mister estava a brincar quando falou que tu eras o futuro da Selecção na posição. Bom, não dá para fiar-se nas previsões dele para a lateral esquerda, já que quis meter por lá o Bernardo Silva (Grimaldo: da próxima vez, digas que estás pronto para jogar desde o início, mesmo que seja mentira);
Samaris: não entendi a escolha dele, que mal voltou dos cuidados médicos. Acho que nem ele entendeu (Gabriel: nunca mais deixe o mister nervoso quando fores substituído. Saias a sorrir, mesmo que estejas a falar em pensamento todo o baixo calão português);
Pizzi: podias falar ao mister para dar uns jogos de descanso para o Everton. Assim, o Rafa iria ter lá e tu voltarias à posição que o Bruno Lage achou pra ti e nos ensinou a gostar tanto de um certo 21, de olhos estrábicos e chutes certeiros (Taarabt: que diabos que não fazes jogos destes desde que chegou, pá?);
Everton: era bom tirares uns jogos de folga para descansar e poder mostrar novamente porque a Seleção Brasileira é melhor quando tu jogas (Seferovic: ainda há quem não goste de ti?);
Waldschmidt: nem todos os dias correm bem, Gian-Luca, mas aquele falhanço estava fácil de marcar. Que a defesa permita que possas falhar outras vezes, como todo avançado falha, e toda a gente não pense em por a culpa em ti;
Darwin Núñez: notei que jogou quando ajudou o Grimaldo a despistar os gajos no segundo golo. 

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