terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Quando a culpa é do sofá

Um jogo de basquete feminino entre Sport e Santa Cruz, que estava marcado para hoje, foi cancelado por causa do receio de que houvesse um confronto entre as torcidas. Ninguém teve peito pra segurar o rojão e existe o temor de que os clubes se encontrem na Copa do Nordeste.

É triste quando a medida a ser tomada visa conviver com o problema em vez de resolvê-lo. Na Inglaterra a coisa era bem pior, até que aconteceu a tragédia de Heysel, na Bélgica, na final da então Copa dos Campeões da Europa, em 1985, quando 39 pessoas morreram depois que "torcedores" do Liverpool encurralaram e barbarizaram torcedores da Juventus, resultando na morte de 39 pessoas (mais 600 feridos) e a UEFA baniu todos os clubes ingleses por cinco anos das competições que organizava. Também contribuíram as medidas adotadas pela Primeira-Ministra Margaret Tatcher para controlar os hooligans.

Já por aqui não acontece nada. Há alguns anos o Corinthians foi eliminado na Libertadores pelo River Plate em pleno Pacaembu, o que gerou a ira de parte dos corintianos que estavam no estádio. Eles tentaram invadir o gramado e se não fosse a ação policial, que os impediu, poderia ter acontecido uma desgraça, uma carnificina.

O resultado foi a suspensão do estádio, não do clube ou dos envolvidos, o que, aliás, é praxe por estas plagas, uma vez que os interesses econômicos e as barganhas pessoais visando os interesses econômicos estão acima de qualquer coisa.


Ninguém se responsabiliza e as vítimas se transformam em mera estatística. E a culpa continuará sendo do sofá.

2 comentários:

Caio Calazans disse...

É um problema muito profundo, que esbarra na sensação de impunidade que rola neste país. Eu sou a favor da punição esportiva como medida emergencial. Torcedor brigou ou depredou, o clube perde ponto, o clube joga de portões fechados. Somente assim os trogloditas das arquibancadas podem entender alguma coisa. Também sou a favor das paralisações de rodadas em todo o país quando houverem mortes relacionadas ao futebol. Mas isso é algo meio impossível, num país onde o calendário é espremido como o nosso.

Marcos Teixeira disse...

Caio, também sou favorável à aplicação das penas desportivas, mas apenas de forma emergencial. Precisamos mesmo é de ações na área cível, mas não esse negócio de pagar uma fiancinha e responder um processo que, no máximo, resultará na doação de cestas básicas. O problema é grave e do jeito que está, caminhamos para a tolerância à intolerância.