NR: Eu não conseguiria escrever sobre o que representa para um corintiano a conquista de ontem. Assim sendo, um deles teve a fineza de fazê-lo por mim.
*por Breno Benedito
Emerson Sheik fez uma nação explodir de felicidade neste dia
4 de julho de 2012, o dia que ficará marcado pela inédita conquista do
Corinthians na Taça Libertadores da América. O conjunto dessa obra não foi
fácil, apesar de que o Boca na final não ter tanta resistência. A prova disso
foi o camisa 10, Riquelme, que em campo foi se arrastando os 90 minutos, mas os
38 mil pagantes não se importavam com isso e antes dos 40 minutos já gritava “é
campeão”.
O Corinthians tinha a Libertadores como o seu “calcanhar de
Aquiles”, e a sombra da eliminação na pré-Libertadores do ano passado para um
desconhecido Tolima. A estreia começou a brilhar logo na estreia, contra o Deportivo Táchira, quando, de cara, um
susto: um gol no começo, mas a sorte começou a mudar. Gol de Ralf no último
ataque. E na primeira fase viria a primeira colocação com quatro vitórias e
dois empates.
Nas oitavas, um time do Equador, o Emelec. Nesta partida
aconteceria a “estreia” de Cássio na Libertadores: um grande teste para o
goleiro, que foi aprovado. Empate de zero a zero e a decisão viria para o
Brasil. Vitória de três a zero e classificação. Nas quartas o adversário foi o
Vasco, atual campeão da Copa do Brasil, e mais uma vez segurou o zero. Na
volta, gol solitário de Paulinho, mas o da passagem à semifinal.
Encarar o campeão das Américas, o time mais badalado do
momento, o Santos de Neymar, muitos deram a certeza que o time alvinegro teria
mais uma desclassificação. Mas Emerson e um time de operários provaram que onde
se ganha é no campo. Em São Paulo ,
empate por 1 a
1, que carimbou a passagem para a sua primeira final. E não seria com qualquer
adversário, seria o Boca Juniors.
O primeiro jogo foi na Argentina. Seria a prova deste time
que muitos consideravam frio e calculista. Com mais de 50 mil xeneizes, a La Bombonera virou um caldeirão.
E Tite soube armar o Corinthians. É verdade que não criou uma chance clara de
gol até a entrada de Romarinho. O gol de Roncaglia poderia desestabilizar o
time, pois o trauma poderia passar na cabeça, o que não aconteceu, muito por
mérito deste treinador. E o time manteve o mesmo jeito. Aos 39 minutos, o
baixinho camisa 21, que havia acabado de entrar, escreveu seu nome na história
e calou o alçapão.
No Pacaembu, a lotação máxima de 38 mil pessoas gritando
como um bando de loucos, enlouquecidos pela expectativa de levantar a primeira
taça continental. Nos primeiros 20 minutos o Corinthians estava um pouco
nervoso, ansioso e no banco o “professor” Tite acalmava os jogadores. Depois
disso, o time brasileiro colocou a bola no chão e ali e foi mais time. Foi o
que em muitos anos não tinha a frieza de campeão. E o grito meio tímido e baixo
aconteceu com Emerson, aos 15 minutos. Alex cobra falta na área e, no bolo,
Danilo dá um leve toque de calcanhar e Sheik estufa as redes: 1 a 0.
O que se viu dali em diante foi um time argentino se
arrastando em campo, não conseguindo criar uma chance sequer de gol. E aos 27
minutos, do alto dos quase 40 anos, o experiente zagueiro Schiavi tentou recuar
uma bola, mas tinha um pé no meio do caminho. Esse é do Emerson, que dá um
pique e faz o segundo gol. E ai era só esperar o fim parar conseguir a
liberdade. Ela veio aos 47, e o Corinthians era o novo dono das Américas.
Ovacionado, Tite vive a redenção. Em 2011 queriam a sua
cabeça após queda e Andrés Sanchez, ex-presidente, rechaçou e manteve e renovou
com ele após título do brasileiro. Tite coloca seu nome e desse grupo na
história deste clube. Além dele, Alessandro e Chicão, remanescentes da Série B,
também merecem aplausos, e o Corinthians é o campeão, com todos os
méritos.
*Breno Benedito é corintiano, estudante de
Jornalismo e trabalha na Federação Paulista de Futebol
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