sábado, 14 de julho de 2012

O compromisso e o fio de bigode

Com o fim da Taça Libertadores, vencida pelo Corinthians, e da Eurocopa, cujo título de campeão a Espanha revalidou, a bola da vez da imprensa esportiva é o meia Paulo Henrique Ganso, por ora vestindo a camisa 10 do Santos.

Ganso chegou à Vila Belmiro pelas mãos de Giovanni, meia que foi ídolo do clube nos anos 1990, e virou, ao lado de Neymar, o astro da última safra dos Meninos da Vila. Pelo Peixe foi tri-campeão paulista, campeão da Copa do Brasil e da Libertadores da América, o suficiente para escrever seu nome na rica história do time da vila famosa.


Um jogador, portanto, que tinha tudo para ser um dos maiores da história de um dos maiores emblemas da história. Mesmo com a contusão sofrida diante do Grêmio, em 2010, que o afastou dos gramados por sete meses. Mesmo não tendo voltado à antiga forma técnica de antes da lesão. Era curioso ver como Ganso "melhorava" a cada jogo que não participava, pelo Santos ou pela Seleção Brasileira. Por seu temperamento introspectivo, não enfrenta rejeição por parte das outras torcidas.

Engraçado como se joga tudo fora em questão de dias. Antes idolatrado pela torcida peixeira e admirado pelas demais, ele resolveu meter o pé no balde que encheu. Ganso não quer mais jogar no Santos. Os adeptos do Alvinegro Praiano não querem vê-lo nem pintado de ouro, quanto mais vestindo o azul-bebê ou a lendária camisola branca do clube, e os rivais o tacham de mercenário.

Ele tem um longo contrato a ser cumprido e sabia das cláusulas quando o assinou. Inclusive, o tempo de duração determina o valor da rescisão, que é calculado também pelo salário. Mas a boleirada não respeita o contrato, o clube ou o torcedor.  


O monstrengo que convencionou-se chamar de Lei Pelé tornou o clube, célula-máter do futebol, em refém de agentes e empresários, que viraram, na prática, proprietários dos jogadores. Se o atleta quiser rumar para um lugar qualquer, basta forçar a saída, seja deixando cair o rendimento, entrando em armações da imprensa ou se negando a defender o clube. Se não conseguir, é só entrar na justiça alegando ser cerceado no direito de trabalhar. Fácil, prático e extremamente imoral.

Houve um tempo em que o fio de bigode bastava. Hoje, nem o contrato é suficiente. Este, que era garantia para as duas partes envolvidas, agora é formalidade para que o jogador seja inscrito nas competições. E ele irá defender as cores do clube até que surja o interesse de outro, cuja "grandeza" é bancada pelo dinheiro despejado por algum investidor ou pelas emissora de TV.



    

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