NR: Mais um colaborador começa a desfilar sua pena pelas linhas deste blog. Toda segunda-feira (se ele não der mancada), uma nova crônica estará à disposição dos leitores.
*por Raoni David Colpas
Campeão Mundial (1992, com o São Paulo), bicampeão da
Libertadores (1992 com o São Paulo e 1997 com o Cruzeiro), campeão brasileiro
(1991 com o São Paulo), campeão da Copa do Brasil (1995 com o Corinthians),
tetracampeão paulista (91 e 92 com o São Paulo, 95 com o Corinthians e 96 com o
Palmeiras), bicampeão mineiro (97 e 98 com o Cruzeiro) e finalista da 11ª Copa
Record de Futebol Amador da Liga Sul Mineira. Este é o currículo de Elivélton e
se você acha que este último item é menos importante, precisava vê-lo
comemorando o gol que garantiu a vaga de seu time na decisão da competição.
O tal jogo aconteceu neste domingo, quando o experiente
Elivélton, aos 40 anos, vestia a camisa 10 do time de Areado que enfrentava o
time de Guaranésia, em Guaranésia. Seu time abriu o placar logo com dois
minutos e ampliou ainda na metade do primeiro tempo. Elivélton lançou a bola do
primeiro gol e contou com as falhas de um zagueiro e um goleiro para ver um
companheiro marcar. No segundo lançou linda bola na vertical e viu outro
companheiro driblar o zagueiro adversário e cruzar para o segundo gol. Favas
contadas, certo?
Errado. Valente, o time de Guaranésia diminuiu ainda na
primeira etapa, inflamando a torcida e deixando o time com condições de
reverter o quadro. Na segunda etapa o técnico guaranesiano mexeu bem, o time
pressionou demais o adversário e conseguiu o empate por 2 a 2 que levaria a
partida para uma prorrogação, onde o time de Areado teria a vantagem de um novo
empate, pois em casa empatou por 1 a 1 e fez mais gols fora de casa.
O resultado persistiu graças às intervenções do goleiro
areadense, até que aos 43 minutos Elivélton sofreu falta na entrada da área.
Ele mesmo bateu e colocou a bola no ângulo esquerdo do goleiro guaranesiano
para agora sim, decretar a vitória da equipe visitante e a vaga na final do
campeonato.
Este não foi o primeiro gol decisivo da carreira de
Elivélton. Pelo contrário. Canhoto, ele encheu o pé esquerdo para marcar o gol
do título corintiano no Campeonato Paulista de 1995. E, ainda mais importante,
bateu com o pé direito para marcar o gol do título cruzeirense na Copa
Libertadores da América de 1997.
Nem por isso o veterano Elivélton deixou de comemorar muito
o seu gol de falta em Guaranésia. Correndo em direção à sua torcida ele vibrou
demais, beijou o escudo da camiseta de Areado, mordeu o escudo e vibrou mais um
pouco com o gol que colocava seu time na final do campeonato.
Qual campeonato mesmo? Sim, a Copa Record de Futebol
Amador... O que rendeu a dúvida: qual a motivação de um cara multicampeão por
times importantes, se entregar tanto e vibrar tanto com um gol em um campeonato
amador? A resposta mais simples e objetiva é a paixão pelo futebol.
Por mais que receba uns trocos para defender o time
areadense, somente muito amor ao esporte faria o veterano e vitorioso jogador
ir ao fundo marcar e dar carrinho em garotos, ou se indispor em discussões com
juiz e adversários, dar bicão para a lateral e pedir desculpas à torcida quase
atingida pela bola...
Só por muito amor ao futebol é possível manter tal chama
acesa depois de tantos títulos e representar tantas camisas importantes. Muitos
dos atuais jogadores brasileiros precisavam de um pouco mais deste amor pelo
esporte, que hoje parece estar apenas no torcedor e por isso, por todo este
amor ao futebol, Elivélton merece a homenagem (singela demais, admito) e ser o
meu primeiro Personagem da Semana individual neste meu espaço criado a algumas
semanas.
Por falar em amor pelo futebol, parabéns ao time e a torcida
de Guaranésia. O time foi guerreiro e a torcida fez linda festa, como jamais
havia visto!
*Raoni David Colpas é jornalista, santista e editor do site da Federação Paulista de Futebol.
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